Sanções da UE deverão abranger gás e petróleo russo "mais cedo ou mais tarde"
Ucrânia
6 de abr. de 2022, 11:10
— Lusa/AO Online
Intervindo
num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o presidente do
Conselho Europeu também manifestou abertura à ideia de a UE conceder
asilo aos militares russos que desobedecerem às ordens e baixarem as
armas na Ucrânia para não tomarem parte nos crimes de guerra cometidos.Um
dia após a Comissão Europeia ter apresentado a sua proposta de um
quinto pacote de sanções à Rússia, à luz das atrocidades cometidas pelo
exército russo em Bucha e outras cidades ucranianas ocupadas, mas,
entretanto, libertadas e que contempla pela primeira vez a energia, com a
proibição da importação de carvão, Charles Michel considerou provável a
UE ter de ir ainda mais longe.“Eu
penso que medidas sobre o petróleo e mesmo o gás também serão
necessárias mais cedo ou mais tarde”, disse, abordando uma questão que
divide os Estados-membros.O
presidente do Conselho Europeu observou que depois da devastação da
cidade de Mariupol, o mundo pôde assistir agora a “crimes contra
humanidade, contra civis inocentes, em Bucha e muitas outras cidades”. “É
mais uma prova de que a brutalidade russa contra o povo da Ucrânia não
tem limites. É mais uma prova de crimes de guerra, com corpos empilhados
em valas comuns. Isto não é uma operação especial, são crimes de
guerra. E nós, na UE, não vamos virar as costas, vamos olhar a realidade
nos olhos. Tem de haver, e haverá, consequências graves para todos os
responsáveis e já estamos a apoiar todos os esforços para recolher
provas. Faremos tudo para trazer os perpetradores à justiça
internacional”, declarou.O
presidente do Conselho Europeu dirigiu de seguida uma mensagem aos
militares russos que “não querem fazer parte do assassinato dos seus
irmãos e irmãs ucranianos”.“Se
não querem ser criminosos, larguem as armas, deixem de lutar, abandonem
o campo de batalha. Sei que alguns dos membros do Parlamento Europeu
propõem dar asilo aos soldados russos que desobedecerem às ordens. Na
minha opinião, esta é uma ideia valiosa que deveria ser explorada”,
disse.“Agora, temos de fazer tudo para pôr fim a estas atrocidades”, concluiu.Intervindo
a seguir a Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, que na
véspera propôs uma proibição de importação pela União Europeia de carvão
russo, explicou no hemiciclo o alcance deste quinto pacote de sanções
colocado sobre a mesa, que, sublinhou, não será o último.“Neste
ponto crítico da guerra, temos de aumentar a pressão sobre Putin e o
governo russo. É por isso que propomos um endurecimento ainda maior das
nossas sanções. […] Vamos impor uma proibição de importação de carvão da
Rússia, no valor de quatro mil milhões de euros por ano. Esta é a
primeira vez que sancionamos diretamente a importação de combustíveis
fósseis da Rússia, cortando assim uma importante fonte de receitas”,
sublinhou.Segundo
Von der Leyen, “estas sanções são duras, porque limitam as opções
políticas e económicas do Kremlin” e “são inteligentes, porque afetam a
Rússia muito mais duramente” do que a própria Europa.“E
estas sanções não serão as nossas últimas sanções”, acrescentou,
argumentando que, “depois de Bucha, mais do que nunca, a Europa
mantém-se firme ao lado da Ucrânia”.Von
der Leyen observou que, “apenas há sete semanas atrás, Bucha era um
subúrbio amigável e tranquilo nos arredores de Kiev, mas na semana
passada a própria humanidade foi morta em Bucha, morta a sangue-frio,
executada com as mãos atadas e com uma bala na cabeça” e “deixada a
apodrecer no meio da rua ou em valas comuns”. “Todos
nós vimos as imagens assombrosas de Bucha. E ouvimos os testemunhos
daqueles que podem voltar a falar livremente, agora que o exército russo
partiu. «Mataram todos os que viram», disse uma testemunha sobre os
soldados de [o Presidente russo Vladimir] Putin. É isto que está a
acontecer, quando os soldados de Putin ocupam território ucraniano. Eles
chamam a isto libertação. Eu chamo a isto crimes de guerra. As
autoridades russas terão de responder por estes crimes”, declarou.A
Rússia é responsável por cerca de 45% das importações de gás da UE, bem
como por cerca de 25% das importações de petróleo e por 45% das
importações de carvão europeias.