Sánchez sublinha que pedido de cessar-fogo da ONU é vinculativo
Israel
2 de abr. de 2024, 10:32
— Lusa/AO Online
Sánchez iniciou uma
visita de dois dias à Jordânia, Arábia Saudita e Qatar para abordar a
situação no Médio Oriente e, na primeira declaração pública aos
jornalistas, após visitar um campo de refugiados palestinianos em
território jordano, disse que faz este périplo num "contexto de extrema
gravidade"."O objetivo desta viagem é
conhecer em primeira mão os pontos vista de alguns dos principais atores
na procura de uma solução para esta guerra e transmitir o compromisso
de Espanha e a nossa determinação em trabalhar com os nossos parceiros
para conseguir um futuro de paz, justiça e prosperidade na região",
afirmou.O líder do Governo espanhol fez um
"novo apelo a que cessem definitivamente as hostilidades" de Israel na
Faixa de Gaza e "à libertação de todos os reféns" israelitas por parte
do grupo islamita radical Hamas."É urgente
implementar o cessar-fogo exigido pelo Conselho de Segurança das Nações
Unidas na semana passada, que é vinculativo", acrescentou Sánchez,
antes de defender que "tem de ser um cessar-fogo definitivo", por ser "o
passo necessário para abrir um processo político que ponha fim
definitivamente a este conflito".Isso
passará, acrescentou, pela "materialização real e efetiva da solução dos
dois estados", o que implica o reconhecimento do estado palestiniano
por parte dos países que ainda não o fizeram, mas também do
"reconhecimento pleno" de Israel pela comunidade internacional."Espanha
não vai poupar nenhum esforço para conseguir o objetivo de alcançar a
paz que permita a Israel e à Palestina conviver em paz e segurança",
afirmou.Sánchez disse a jornalistas
espanhóis durante o voo que o levou até à Jordânia na segunda-feira à
noite que o governo de Madrid prevê reconhecer o estado palestiniano até
julho.Na mesma declaração de hoje,
Sánchez considerou também "urgente que Israel permita o acesso de ajuda
humanitária a Gaza, como exigem diversas instâncias internacionais",
incluindo o Tribunal Internacional de Justiça, cujas decisões são também
de "cumprimento obrigatório".O
primeiro-ministro espanhol destacou o "trabalho fundamental e
insubstituível" das Nações Unidas e, em concreto, da agência para os
refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), que gere o campo
de refugiados que hoje visitou na Jordânia, criado em 1952 e onde vivem
30 mil pessoas."É fundamental que a comunidade internacional mantenha o financiamento adequado da UNRWA", defendeu.Espanha
aumentou o financiamento à UNRWA depois de países como os Estados
Unidos terem suspendido as verbas para a agência, por causa da denúncia
de Israel de que 12 pessoas que trabalhavam com a organização na Faixa
de Gaza participaram nos ataques de outubro do Hamas em território
israelita.A comissária-geral adjunta da
UNRWA, Nathalie Boucly, que hoje acompanhou Sánchez na visita ao campo
de refugiados, sublinhou que a agência garante resposta humanitária em
Gaza e educação, saúde e serviços sociais na Cisjordânia, Síria,
Jordânia e Líbano "que contribuem para a estabilidade da região.Nathalie
Boucly disse que a UNRWA tem sido "alvo de ataques politicamente
motivados que procuram o seu desmantelamento para minar assim os
direitos dos refugiados palestinianos"."Tirar
a UNRWA do cenário levaria a um desastre humanitário sem precedentes.
Convidamos Espanha e todos os países a continuarem a apoiar a UNRWA e a
redobrar esforços para encontrar uma solução justa e duradoura para o
conflito israelo-palestiniano", afirmou.A
guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque em
solo israelita do grupo islamita palestiniano que causou cerca de 1.200
mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.A
resposta de Israel, além de ter causado um nível elevado de destruição
de infraestruturas em Gaza, matou cerca de 32.900 pessoas, segundo as
autoridades controladas pelo Hamas.O grupo
islamita, que governa Gaza desde 2007, é considerado como uma
organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.