Sánchez invoca direito ao silêncio e não testemunha em caso que envolve a mulher
30 de jul. de 2024, 11:05
— Lusa/AO Online
Sánchez foi convocado
por um juiz para prestar declarações hoje e tinha afirmado estar
disponível para testemunhar, mas por escrito, dizendo que é isso que
estabelece a lei do processo penal de Espanha para os líderes do Governo
quando estão em causa processos relacionados com o exercício do cargo.O
juiz respondeu, porém, que Sánchez foi convocado para testemunhar por
ser marido de Begoña Gómez e não por ser primeiro-ministro e manteve a
decisão de recolher o testemunho de forma presencial, numa declaração
oral que teria de ser gravada e que decorreria dentro do Palácio da
Moncloa, a sede da Presidência do Governo, em Madrid.O
magistrado, assim como representantes do Ministério Público e advogados
das defesas e das acusações, deslocaram-se à Moncloa hoje para recolher
o testemunho de Sánchez.No entanto, o
primeiro-ministro invocou a lei do processo penal, que prevê o direito
ao silêncio de testemunhas quando estão em causa investigações relativas
aos seus cônjuges, explicou aos jornalistas a advogada Marta Castro, do
partido de extrema-direita Vox, que esteve presente na Moncloa como
representante das “acusações populares” que se constituíram neste
processo.A investigação de que é alvo
Begoña Gómez tem como base queixas de associações ligadas à
extrema-direita e centra-se, em particular, na sua relação profissional
com um empresário cujas empresas negociaram ajudas públicas ou
participaram em concursos públicos num período em que Pedro Sánchez já
era primeiro-ministro.Em linha com as
conclusões de dois relatórios da investigação policial, o Ministério
Público considerou não haver indícios de irregularidades e fundamento
para o caso e pediu o arquivamento, não havendo ainda resposta a este
recurso.Já o juiz de instrução considera
haver indícios suficientes para continuar com a investigação e tem
chamado diversas pessoas para prestar declarações.Pedro
Sánchez e o Partido Socialista espanhol (PSOE), que lidera, têm
reiterado não haver nada que fundamente esta investigação judicial e que
está em causa uma perseguição política e pessoal ao chefe do Governo e à
sua família.Juntamente com a lei de
amnistia para os independentistas catalães, este caso é há várias
semanas o principal alvo de ataque ao primeiro-ministro por parte da
oposição.Este caso foi também o motivo que
levou Sánchez a ponderar demitir-se no final de abril, afirmando-se
vítima, com a família, de uma "máquina de lodo" que difunde mentiras e
desinformação na Internet que são depois levadas para o debate político
pela direita e pela extrema-direita e judicializadas com queixas de
associações extremistas.