Sánchez diz que vai continuar com legislatura apesar de contexto difícil
15 de dez. de 2025, 16:30
— Lusa/AO Online
"O
contexto não é fácil", mas o Governo e o líder do executivo estão
"carregados de determinação, convicção e energia" para "a segunda parte
da legislatura", disse Sánchez, que foi reinvestido primeiro-ministro
pelo parlamento espanhol em novembro de 2023.O
Partido Socialista Espanhol (PSOE), que Sánchez também lidera, e o
Governo estão a ser afetados por uma sucessão de notícias sobre
suspeitas de corrupção e de assédio sexual a mulheres que envolvem
atuais e antigos dirigentes socialistas, incluindo um ex-ministro (José
Luis Ábalos) e um ex-funcionário da Presidência do Governo (Francisco
Salazar), ambos, como outros nomes, considerados durante anos dos
políticos mais próximos e de confiança de Sánchez.Nos
casos relacionados com assédio sexual há ainda relatos de mulheres que
se queixaram nos canais criados para esse efeito no PSOE que dizem terem
sido ignoradas ou de o partido ter demorado meses a contactá-las."Cometemos
erros, como todos", mas "o compromisso do Governo e do PSOE" com o
feminismo "é absoluto" e "todos os avanços" que tem havido em Espanha na
luta pela igualdade e contra a violência contra as mulheres ocorreram
quando os socialistas estiveram no poder, sublinhou hoje Sánchez, numa
conferência de imprensa em Madrid.Em
relação às suspeitas de corrupção que envolvem diversos ex-dirigentes do
PSOE, reiterou que o partido agiu "com contundência e não com
conivência", afastando de imediato os visados, ao contrário do que
aconteceu no passado com governos do Partido Popular (PP, direita).O
primeiro-ministro sublinhou que, também ao contrário do que aconteceu
nos governos do PP, não estão agora em causa suspeitas de "corrupção
sistémica" nas estruturas do Estado ou para financiamento ilegal de um
partido.Tanto na corrupção como no
feminismo, o PSOE "aceita zero lições" da direita e da extrema-direita e
de partidos que votam sistematicamente contra leis para promover a
igualdade de género ou que negam a violência machista, acrescentou.O
primeiro-ministro espanhol reconheceu a dificuldade de governar com um
parlamento muito fragmentado - foi reinvestido por uma geringonça de
oito partidos e ainda não conseguiu aprovar um Orçamento do Estado na
atual legislatura - mas sublinhou que foi essa a vontade expressa
democraticamente pelos espanhóis nas eleições de 2023 e que aquilo que o
executivo tem de fazer é negociar e dialogar permanentemente para
aprovar as medidas que propõe.Para
Sánchez, os resultados "não são maus", pelo contrário, "dão aval a esta
política de diálogo", referindo, entre outros, os dados positivos da
economia e do mercado de trabalho em Espanha.O
primeiro-ministro tem estado a ser alvo de pressões para antecipar
eleições ou mudar o Governo por parte da oposição, mas também dentro do
próprio partido, do executivo e de forças que viabilizaram a atual
legislatura no parlamento.Ministros do
partido de esquerda Somar, que faz parte do executivo liderado pelos
socialistas, pediram nos últimos dias uma “remodelação profunda”,
enquanto o Partido Nacionalista Basco (PNV, conservador), que apoiou a
reeleição de Sánchez, questionou quanto tempo o Governo “vai poder
aguentar a crise”, apostando em eleições antecipadas no próximo ano.Outro
partido da geringonça, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) pediu
hoje uma reunião a Sánchez para que explique "o que pensa fazer para
regenerar o seu partido e o seu Governo".Pedro
Sánchez é primeiro-ministro desde 2018 e chegou inicialmente ao Governo
com uma moção de censura ao então executivo de direita do Partido
Popular por causa de diversos casos de corrupção.A
luta contra a corrupção e o feminismo são precisamente dois pilares do
discurso de Sánchez e do PSOE têm vindo a sublinhar analistas políticos e
editoriais na imprensa face às sucessivas polémicas que estão a
envolver os socialistas espanhóis e o Governo.