Sánchez defende exclusão de Israel da Eurovisão e de outras competições internacionais
19 de mai. de 2025, 12:54
— Lusa/AO Online
"Não podemos
permitir duplos ‘standards’", disse Sánchez, num discurso num evento em
Madrid em que realçou que "ninguém levou as mãos à cabeça" quando a
Rússia foi excluída de competições desportivas internacionais ou de
iniciativas como a Eurovisão."Também não
deveria estar Israel. Não podemos permitir duplos ‘standards’, incluindo
na cultura", afirmou Sánchez, antes de enviar "um abraço solidário ao
povo ucraniano e ao da Palestina, que estão a viver a irracionalidade da
guerra e dos bombardeamentos".Sánchez
considerou que "se enganam os que defendem que o setor cultural deve ser
equidistante" e afirmou que "a cultura é a forma mais autêntica e
livre" de expressar ideias e valores."Têm
razão aqueles que usam a cultura para defender valores que estão a ser
questionados”, como a democracia, a igualdade, a defesa do ambiente ou o
fim da guerra, “seja na Ucrânia, seja em Gaza", frisou o líder do
Governo de Espanha.Sánchez tem sido dos
líderes internacionais que mais têm criticado publicamente Israel por
causa da guerra em Gaza, desencadeada em outubro de 2023, em resposta a
um ataque do grupo islamita palestiniano Hamas, que controla o enclave
desde 2007. Na Eurovisão de 2025, que
decorreu no sábado em Basileia, na Suíça, a Áustria venceu e Israel
ficou em segundo lugar, tendo recebido a pontuação máxima do televoto em
Espanha.O ministro israelita da Diáspora e
da Luta contra o Antissemitismo, Amichai Chikli, considerou no domingo
que a pontuação do televoto espanhol recolhida pela canção de Israel foi
uma “bofetada” na cara de Pedro Sánchez.A
edição deste ano da Eurovisão prolongou a polémica de 2024 quanto à
participação de Israel em plena ofensiva na Faixa de Gaza, que já fez
mais de 53 mil mortos, segundo dados fornecidos pelas autoridades locais
e considerados credíveis pelas Nações Unidas.As
vaias voltaram à Eurovisão no sábado, na final da 69.ª edição, durante a
atuação da representante israelita, Yuval Rafael, embora não tão
ruidosamente como em 2024. O presidente da
RTVE, a televisão pública de Espanha e parceira da Eurovisão, pediu no
sábado, antes do arranque da edição deste ano do festival, “paz e
justiça para a Palestina”, referindo que “o silêncio não é uma opção”.A
União Europeia da Radiodifusão (UER), que organiza o Festival Eurovisão
da Canção, advertiu a RTVE de que seria multada caso na transmissão da
final de sábado se repetissem os comentários sobre os mortos resultantes
da ofensiva israelita em Gaza.Na
quinta-feira, antes da atuação da representante israelita, Yuval
Raphael, na segunda semifinal, os comentadores espanhóis Tony Aguilar e
Julia Varela recordaram, durante a emissão no canal La2, que a RTVE
pediu formalmente à organização do festival para que fosse aberto um
debate sobre a continuidade do país no concurso, no meio da ofensiva
israelita no enclave palestiniano.Além
disso, citaram as “mais de 50 mil” mortes de palestinianos – já são mais
de 53 mil – que a atual ofensiva causou desde o início, em outubro de
2023, incluindo mais de 15 mil crianças.“O
número de vítimas não tem lugar num programa de entretenimento
apolítico, cujo lema ‘Unidos pela música’ encarna o nosso compromisso
com a unidade”, referiu uma carta dirigida à chefe da delegação
espanhola, Ana María Bordas, citada pelos meios de comunicação social de
Espanha.Yuval Raphael é uma das
sobreviventes do ataque do grupo extremista Hamas em solo israelita, em
07 outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas
centenas de reféns, e após o qual teve início a atual ofensiva militar
israelita.Fontes da televisão pública de
Espanha, citadas por diversos meios de comunicação social locais,
disseram hoje que a RTVE vai pedir uma auditoria aos resultados do
televoto no país na edição deste ano da Eurovisão.