Sánchez admite "gravidade da crise política" que enfrenta
Hoje 16:52
— Lusa/AO Online
"Não
nego a gravidade da crise que temos com o Junts", disse Sánchez,
referindo-se à decisão recente do partido liderado por Puigdemont,
Juntos pela Catalunha (JxCat), de rasgar os acordos que assinou com os
socialistas há dois anos e que permitiram a sua reeleição como
primeiro-ministro, viabilizando a atual legislatura espanhola."A
normalização completa não acontecerá até Puigdemont poder voltar à
Catalunha", acrescentou Sánchez, em duas entrevistas hoje a uma rádio
catalã e à televisão pública espanhola (RTVE).O
JxCat tem recusado para já juntar-se a uma moção de censura de partidos
da direita, que ditaria a queda do Governo, mas tem votado contra
medidas do executivo no parlamento, como os decretos sobre metas de
défice e outras, passo prévio e essencial para haver Orçamento do
Estado. Os acordos de 2023 com o JxCat
incluíam uma lei de amnistia para independentistas catalães que o
Supremo Tribunal de Espanha tem recusado aplicar a Puigdemont, pelo que o
antigo líder do governo autonómico, protagonista da tentativa de
autodeterminação da Catalunha de 2017, continua a viver na Bélgica, para
fugir à justiça espanhola.Sánchez lembrou
hoje que a lei, aprovada pelo parlamento nacional em 2024, já teve um
primeiro aval do Tribunal Constitucional e do advogado-geral da
União Europeia, assim como de outras instâncias nacionais e
comunitárias, e que espera que Puigdemont possa regressar em breve à
Catalunha.O líder do governo e do partido
socialista espanhol (PSOE) voltou ainda a admitir um encontro com
Puigdemont, sem concretizar quando e onde poderia ocorrer.Admitindo
"incumprimentos e atrasos" nos acordos com o JxCat, Sánchez anunciou a
aprovação de decretos hoje no Conselho de Ministros relativos a
competências em contratação pública das regiões autónomas e autarquias,
entre outros, para responder a exigências do partido catalão,
argumentando que "vale a pena" continuar com a legislatura e concretizar
todos os compromissos assumidos em 2023.Sánchez
defendeu que mais do que um "acordo de investidura", os socialistas
alcançaram com o JxCat e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC),
outro partido independentista, "uma grande oportunidade" para "resolver
um conflito político que vem de longe" naquela região.O
líder socialista foi reinvestido primeiro-ministro em novembro de 2023
com os votos no parlamento de uma geringonça de oito partidos e
reafirmou hoje que "apesar das dificuldades e da complexidade
parlamentar" e dos casos judiciais e suspeitas de corrupção que têm
atingido antigos dirigentes do PSOE, incluindo um ex-ministro, e
familiares do próprio líder do executivo, "o governo está animado" para
continuar a trabalhar e que as eleições serão, como está previsto
atualmente, em 2027.Estas foram as
primeiras declarações que concedeu depois da entrada em prisão
preventiva, na semana passado, por suspeita de corrupção, do ex-ministro
José Luis Abalos, considerado durante anos um 'braço direito' de
Sánchez no PSOE e no Governo.Foram também
as primeiras declarações públicas de Sánchez depois de uma manifestação
no domingo passado em Madrid, convocada pelo Partido Popular (PP,
direita), para pedir a demissão do Governo e eleições antecipadas.Na manifestação estiveram 40 mil pessoas segundo as autoridades locais e 80 mil, segundo o PP.Sánchez
reiterou hoje que as suspeitas de corrupção na cúpula do partido
socialista envolvem pessoas em concreto, que terão agido para obter
benefícios pessoais, e não está em causa qualquer suspeita de
financiamento ilegal do partido.O primeiro-ministro afastou também a possibilidade de ele próprio ser envolvido em qualquer processo judicial.