O Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de
Ponta Delgada (MRCC Delgada) coordenou, em 2020, 101 ações de busca e
salvamento marítimo das quais resultaram 54 vidas salvas.“Dos 101
casos SAR (sigla inglesa de busca e salvamento) que tivemos resultaram
54 vidas salvas ou assistidas no mar e lamentamos a perda de uma vida, o
que nos leva a uma taxa de eficácia de 98,2% em 2020”, revelou o gestor
de missões do MRCC Delgada, o comandante Paulo Claro Lourenço, durante
uma conferência de imprensa para balanço da atividade operacional de
2020, do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta
Delgada.No total, o MRCC Delgada recebeu no ano passado 611 alertas,
dos quais 101 foram situações de emergência no mar; 24 deram origem a
processos de acompanhamento; e 486 que classificamos como processos sem
intervenção.Refira-se que do total de situações de emergência, as
evacuações médicas representaram 50% dos casos com 21 vidas salvas,
seguida das situações de ‘overdue’ (18%), ou seja, de falta de
comunicação das embarcações, com 14 vidas salvas. As avarias ou casos de deriva de embarcações representaram 14% dos casos e as situações de homem ao mar 4%, entre outras. De
acordo como gestor de missões do MRCC Delgada, em 2020, foram recebidos
menos 75 alertas que no ano anterior, o que contribuiu para que se
tivessem realizado também menos 41 ações de busca e salvamento marítimo.
Uma situação justificada pela redução de tráfego marítimo, em especial
de navegação de recreio, devido à pandemia de Covid-19.Este ano foi
necessário também adaptar a atividade à pandemia, em particular nas
ações de busca e salvamento, com as guarnições dos navios e as
tripulações dos helicópteros a passarem a ter de usar equipamento de
proteção individual de forma a salvaguardar um eventual contágio.O
comandante Claro Lourenço destacou ainda que o aumento da navegação na
área de responsabilidade do MRCC Delgada, assim como o aumento das
escalas de navios de cruzeiros nos portos da Região representam os
desafios futuros da Marinha nos Açores, razão pela qual tem vindo a
apostar na formação para responder a acidentes de grande escala.Em
2020, uma das ações que ficará na memória foi o resgate de um homem de
23 anos de nacionalidade indiana pela guarnição do NRP Setúbal, após ter
permanecido 28 horas no mar. O caso aconteceu em abril, e tornou-se
memorável por o NRP Setúbal ter chegado ao local pela meia-noite - já
mais de 24 horas após o homem ter caído ao mar - e pelas 2h24 ter
avistado o náufrago na água, que foi resgatado consciente e estável. Já a morte registada no ano passado tratou-se de um tripulante de um navio mercante que estava doente com Covid-19.Como
lembrou o comandante Claro Lourenço, para o sucesso destas ações
contribuem diferentes organizações e são empenhados meios de diversas
entidades nomeadamente da Marinha Portuguesa, da Autoridade Marítima
Nacional, da Força Aérea Portuguesa (FAP) e outros recursos como o
Instituto Nacional de Emergência Médica – Centro de Orientação de Doente
Urgentes no mar (INEM CODU-MAR), o Serviço Regional de Proteção Civil e
Bombeiros, as Administrações Marítimas e Portuárias, entre outros. Realçou
ainda o apoio prestado pelos navios mercantes, desviando-se das suas
rotas comerciais para prestarem o auxílio necessário.