Saída de Luís Rodrigues da SATA para a TAP preocupa partidos nos Açores
7 de mar. de 2023, 13:58
— Lusa/AO Online
Os deputados do PS, PSD, CDS, PPM, BE,
CH, IL e PAN reuniram-se com o secretário regional das Finanças,
Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, e com a secretária
regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas (que tutelam a
companhia aérea açoriana), na sede do parlamento, na Horta, para
apresentar o caderno de encargos da privatização da Azores Airlines, mas
à saída da reunião, os partidos estavam mais preocupados com as
mudanças no Conselho de Administração da SATA.“Este
negócio fica completamente ferido, à partida, devido a essa demissão, e
para o maior concorrente da SATA e com as nossas rotas, que a TAP já
estaria a querer retirar. Este é o maior problema. O Governo da
República tirou, totalmente, a estabilidade que a SATA estava a ter,
ainda por cima, numa altura de alienação da companhia”, lamentou Pedro
Neves, do PAN.Também José Pacheco, do
Chega, considera que o Governo da República se portou como um
“mercenário”, ao ter convidado o presidente da SATA para chefiar a TAP
numa altura crucial para o futuro da companhia área açoriana.“Estamos
preocupados com os acontecimentos dos últimos dias e com a ingerência
do próprio Governo da República na SATA. O Chega fica bastante
preocupado que tenhamos mercenários à frente deste processo, que hoje
está cá e amanhã está noutro sítio, especialmente estando numa companhia
concorrente”, disse.Já Paulo Estêvão, do PPM, acusa mesmo o Governo da República de “traição”. “Isto
é uma deslealdade absoluta. Demonstra que o Governo do PS está a tentar
destruir o governo da região. É uma traição do Governo de António Costa
aos interesses dos Açores”, afirmou.Rui
Martins, do CDS, diz que espera que Luís Rodrigues, o nome escolhido
pelo Governo da República para substituir a presidente do Conselho de
Administração da TAP, saiba “separar as águas” quando assumir as novas
funções.“Era uma pessoa que estava dentro
do processo, desde o início, o que esperamos agora é que haja
consciência e ética e que não haja uma canibalização por parte da TAP
daquilo que são as mais valias desta empresa. Espero que Luis Rodrigues
saiba destrinçar e distinguir aquele que era o seu papel na SATA e
aquilo que irá desempenhar na TAP”, observou.Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, entende que o mais importante agora é avançar com a privatização.”O
que é importante neste momento é que a empresa seja alienada o mais
depressa possível, pelo melhor valor possível, que até pode ser zero
euros. É o valor que o comprador assumirá de dívida, que quanto maior
for, melhor para a região autónoma dos Açores. A Região não tem
condições de suportar uma companhia que, quanto mais trabalha, mais
dívidas acumula”, sustentou.António Lima,
do BE, teme que este negócio de privatização da maioria do capital
social da Azores Airlines, venha a revelar-se “ruinoso” para os cofres
da região.“Vimos como, na TAP, os
compradores pagaram a empresa com o próprio dinheiro da TAP e
preocupa-nos que o mesmo possa acontecer com a SATA. Não está definido
no caderno de encargos quem fica com a dívida que a SATA Internacional
tem à SATA Açores, de 285 milhões de euros. Esse parece-nos um negócio
ruinoso”, alertou.Receios que são
partilhados também por Carlos Silva, do PS, que lamenta a falta de
transparência que tem existido no processo de alienação.“A
manutenção dos postos de trabalho não fica salvaguardada neste
processo. Aliás, o documento que tivemos acesso, prevê que, ao fim de
dois anos, possam ser feitos despedimentos coletivos e que possa ser
efetuada a extinção de postos de trabalho, além de não existir nenhuma
garantia de manutenção das rotas não liberalizadas”, vincou.João
Bruto da Costa, da bancada do PSD, não tem dúvidas de que o Governo de
coligação (PSD, CDS-PP e PPM) vai “salvar” a SATA e resolver os
problemas que, no seu entender, foram gerados pelos sucessivos governos
socialistas.“Mais importante que as
pessoas e que os protagonistas, é salvar a empresa, daquilo que foram os
desmandos do PS. Talvez por isso, vieram buscar o mesmo administrador,
para tentar salva a TAP e isso para nós é que é relevante”, sublinhou.À
saída da reunião, os membros do Governo não quiseram prestar
declarações aos jornalistas, uma vez que estava convocada, para a mesma
hora, uma conferência de imprensa do executivo para apresentar as linhas
gerais do caderno de encargos de privatização da Azores Airlines.