S&P mantém 'rating' de Portugal em 'BBB' e perspetiva estável

12 de set. de 2020, 12:02 — AO Online/ Lusa

Em abril, a agência de ‘rating’ tinha mantido o ‘rating’, mas revisto em baixa a perspetiva sobre a dívida soberana de ‘positiva’ para ‘estável’.O ‘rating’ é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa. A perspetiva ‘estável’ indica que não deverá haver uma mudança da notação em breve.Na análise hoje divulgada, a S&P indica que mantém o 'rating' e a perspetiva por considerar que Portugal deverá ser capaz de acomodar o choque da atual crise nas finanças públicas devido ao apoio da União Europeia, desde logo aos 26,4 mil milhões que deverá receber do Fundo de Recuperação.“Na nossa opinião, o compromisso das autoridades portuguesas com políticas favoráveis ao crescimento e com finanças públicas prudentes irá sobreviver a uma recessão global abrupta e sincronizada de um a dois anos”, afirma.Contudo, se o contexto económico se agravar de forma significativa, admite a S&P que as finanças portuguesas deixem de poder permitir a atual notação (‘BBB’), tendo em conta a dívida de Portugal. A notação de Portugal também pode ficar sob pressão se um setor-chave como o turismo (forte em exportações e emprego) sofrer quedas significativas e prolongadas, avisa.A S&P elogia medidas tomadas pelo Governo português nesa crise, caso do regime ‘lay-off’ simplificado, em que o Estado assumiu parte do custo das empresas com trabalhadores para evitar despedimentos. Contudo, considera que há o risco de, perante as mudanças estruturais na economia que a crise da covid-19 já está a causar, esse programa reduzir a mobilidade dos trabalhadores, mantendo empregos em setores pouco viáveis.Afirma ainda que medidas tomadas como linhas crédito a empresas garantidas pelo Estado podem vir a ter impacto na dívida pública e que as moratórias nos créditos de empresas e famílias enfraquecem a posição financeira do sistema bancário.Quanto a indicadores, a S&P estima que este ano o Produto Interno Bruto (PIB) irá contrair-se cerca de 10%, mas que em 2021 crescerá 6,2%, e que o défice orçamental será de 8,4% do PIB este ano (depois do excedente de 0,2% de 2019) antes de voltar am excedente orçamental em 2022, isto assumindo que um tratamento ou uma vacina eficaz para a covid-19 existam no próximo ano.Quanto à dívida pública, prevê que atinja o máximo histórico de 141% no final de 2020.A S&P espera ainda que a receita diminua cerca de 8% este ano, enquanto as despesas (excluindo pagamentos de juros) podem aumentar até 9,0% a 9,5% face ao ano anterior.A taxa de desemprego deverá ficar em 11,5% este ano, passando para 10,5% em 2021.No âmbito das medidas de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), estima que este irá comprar cerca de 28 mil milhões de títulos de dívida pública portuguesa este ano.Ainda devido à açãp do BCE este ano, em média, o custo de emissão de dívida pública para Portugal tem sido de 0,6%, bem abaixo da taxa média de todo o 'stock' da dívida pública (2,5%), refere.