Ryanair admite despedimentos e redução da operação em Portugal
Covid-19
12 de mai. de 2020, 17:46
— Lusa/AO Online
“Anunciámos
há algumas semanas que iríamos ter de reduzir cerca de 3.000 postos de
trabalho em cerca de 15 a 16 mil funcionários e alguns deles
provavelmente serão em Portugal, dependendo do número de aeronaves que
lá tivermos [a operar]”, afirma em entrevista à agência Lusa o
presidente executivo da Ryanair, Eddie Wilson.No
dia em que a companhia aérea de baixo custo anuncia a retoma das suas
operações em julho próximo, após mais de três meses com os aviões
parados devido às restrições implementadas pelos países europeus para
conter o surto de covid-19, o responsável frisa que a Ryanair está agora
“a reavaliar as suas operações e a falar com os sindicatos” em
Portugal.“O nosso objetivo é ter acordos
ou uma decisão tomada em breve”, diz Eddie Wilson à Lusa, precisando que
esta decisão será divulgada “nas próximas semanas”.Ainda
assim, de acordo com o responsável, é já certo que “o que vai
determinar esse número [de despedimentos] será o total de aeronaves
baseadas em Portugal”.“Por cada aeronave
que é retirada, são cortados cerca de 10 postos de trabalho de pilotos e
aproximadamente 20 empregos na tripulação de cabine”, exemplifica.Questionado
sobre quais serão as bases portuguesas mais afetadas, Eddie Wilson
indica que a transportadora aérea baseada em Dublin, na Irlanda, está a
“olhar para tudo”.“Temos uma operação
substancial no Porto, uma operação relativamente pequena em Ponta
Delgada, redimensionámos a operação em Faro, e operamos em Lisboa”,
elenca, sem pormenorizar.A Ryanair avançou a 1 de abril passado com ‘lay-off’ simplificado em Portugal,
considerando o recurso à medida como indispensável para a preservação
dos postos de trabalho no país, de acordo com informação transmitida na
altura aos sindicatos.E ressalvando que a
Ryanair ainda não está “no final desse exercício [de reavaliação]” sobre
a sua presença em Portugal, assim como noutros países europeus, Eddie
Wilson justifica desde já que este tipo de medidas tem por base a
pandemia de Covid-19, visto que “a indústria está em crise”.“Transportámos
150 mil passageiros em abril quando devíamos ter transportado 30
milhões”, aponta o responsável, ressalvando a necessidade de a Ryanair
“ajustar a sua atividade à nova realidade”.“E é isso que faremos quando voltarmos a voar”, adianta.E
isso acontecerá a partir de 1 de julho, segundo anunciou hoje a
transportadora, indicando ainda assim que a retoma está sujeita ao
levantamento das restrições de viagem aplicadas aos voos no espaço
comunitário.“O que irá acontecer aqui é
que vamos ter uma procura mais reduzida e é por isso que só retomamos
com 40% da nossa capacidade, o que significa termos menos aviões e menos
frequências […] e, nestas situações, temos de ponderar despedimentos e
cortes nalguns custos”, adianta Eddie Wilson à Lusa.Desde
o início dos limites às viagens, aplicados em meados de março, a
Ryanair só tem feito cerca de 30 voos por dia entre a Irlanda, o Reino
Unido e a Europa, e espera agora passar para cerca de 1.000 ligações
diárias, operando com menos frequências do que o habitual. Anterior
responsável pelo departamento de pessoal da Ryanair, Eddie Wilson é
presidente executivo da companhia aérea de baixo custo desde setembro de
2019, tendo substituído no cargo Michael O'Leary, que passou a liderar
todo o grupo.Sediada na Irlanda, a
companhia aérea Ryanair pertence ao grupo aeronáutico com o mesmo nome,
que inclui também empresas como a Buzz, Lauda e Malta Air, transportando
normalmente cerca de 150 milhões de passageiros por ano, num total de
mais de 2.400 voos diários operados a partir de 82 bases na Europa e
norte de África.Liga cerca de 200 destinos em 40 países.