Rutte em Kiev para “deixar bem claro” que NATO está com os ucranianos
Ucrânia
3 de out. de 2024, 14:31
— Lusa/AO Online
Numa conferência de imprensa
conjunta com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dois dias após
tomar posse como secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (NATO), sucedendo ao norueguês Jens Stoltenberg, Rutte garantiu
que a aliança vai continuar a apoiar a Ucrânia.Rutte,
cuja reunião com Zelensky ocorreu quando as sirenes de alarme de
eventuais ataques soaram em duas ocasiões, expressou confiança de que
poderá trabalhar com quem quer que seja eleito Presidente dos Estados
Unidos, o membro mais poderoso da aliança e um dos principais apoiantes
de Kiev em termos de ajuda militar, nas eleições agendadas para o
próximo mês de novembro. “Esse poderá ser
um momento chave para o esforço da Ucrânia para garantir o apoio
contínuo do Ocidente”, afirmou o novo secretário-geral de nacionalidade
neerlandesa, admitindo que as forças ucranianas estão a lutar com
algumas dificuldades na frente do conflito.A
questão da dimensão e da sustentabilidade da ajuda ocidental é tanto
mais importante quanto a Ucrânia se encontra no seu terceiro ano de
guerra, sobretudo tendo em conta o custo deste apoio e o risco de
escalada do conflito.E a posição dos
Estados Unidos, o principal doador de Kiev e a força motriz da NATO,
deverá mudar radicalmente se o ex-presidente republicano Donald Trump
regressar à Casa Branca após as eleições presidenciais de novembro.“O
Governo ucraniano tem de decidir quando chega o momento de discutir a
paz”, disse Rutte quando tomou posse na terça-feira, apelando a uma
“concentração no esforço de guerra”.“Quanto mais ajudarmos a Ucrânia, mais depressa” a guerra “terminará”, insistiu.O
Presidente ucraniano saudou a subida de Rutte ao cargo de
secretário-geral da NATO, recordando-lhe o objetivo da Ucrânia: aderir à
Aliança Atlântica como membro de pleno direito, que Moscovo vê como uma
ameaça.“O lugar da Ucrânia é na NATO”,
garantiu Rutte na terça-feira, que terá, no entanto, de arbitrar entre
as ambições da Ucrânia e as fortes reticências de alguns dos 32 países
membros da organização, incluindo os Estados Unidos e a Alemanha.Zelensky,
por seu lado, afirmou ter discutido com Rutte elementos do chamado
“Plano de Vitória da Ucrânia”, antes de uma reunião da NATO na base
aérea de Ramstein, na Alemanha, na próxima semana.Os
dois discutiram também a situação no campo de batalha e as necessidades
específicas das unidades militares ucranianas, com Zelensky a reiterar
que a Ucrânia precisa de mais armas, incluindo armas de longo alcance.Rutte reiterou o apoio inabalável da aliança à Ucrânia, afirmando que “a Ucrânia está mais próxima da NATO do que nunca”.Quando
questionado sobre as perspetivas de adesão da Ucrânia à NATO, Rutte
afirmou que as recentes medidas tomadas pela organização em conjunto
permitiram já “construir uma ponte para a adesão à Aliança Atlântica”.Tal
inclui, prosseguiu Rutte, 40 mil milhões de euros em assistência
financeira, acordos de segurança bilaterais entre aliados e a formação
de um novo comando da NATO para coordenar a assistência e a formação.O
ex-primeiro-ministro neerlandês tem sido um dos apoiantes mais ativos
da Ucrânia na Europa desde o início da invasão russa, em fevereiro de
2022, e é rotulado de “russófobo” por Moscovo.Em
particular, liderou os esforços para equipar Kiev com caças F-16, uma
decisão descrita como “histórica” por Zelensky durante uma viagem aos
Países Baixos.Foi também durante o mandato
de Mark Rutte que os Países Baixos assinaram um acordo de assistência
militar à Ucrânia no valor de 2.000 milhões de euros, ao longo de 10
anos.Rutte chegou a Kiev depois de uma
bomba russa ter atingido um bloco de apartamentos de cinco andares em
Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, a 30 quilómetros da capital
ucraniana, ferindo pelo menos 12 pessoas, incluindo uma menina de três
anos, disseram hoje as autoridades locais.A
bomba atingiu o terceiro e o quarto andares do edifício na noite de
quarta-feira, provocando um incêndio, disse o governador regional de
Kharkiv, Oleh Syniehubov. Os bombeiros procuraram sobreviventes por
entre o fumo e os escombros.Kharkiv tem sido alvo frequente de ataques aéreos durante a guerra contra a Rússia.Rutte
já se deslocou várias vezes à Ucrânia enquanto chefe do Governo
neerlandês durante a guerra, tendo visitado não só Kiev, mas também
Odessa (sul), um porto importante no Mar Negro, e Kharkiv (nordeste).