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Ucrânia
Rússia condiciona encontro Putin-Zelensky a reinício de conversações

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, condicionou um eventual encontro entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia ao reinício de negociações bilaterais e recusou a exigência ucraniana de retirada das tropas russas.


Autor: Lusa/AO Online

Numa conferência de imprensa em Ancara após conversações com o seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, Lavrov desvalorizou os apelos do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para um encontro com o líder russo, Vladimir Putin.

“Zelensky quer reunir-se para se reunir”, comentou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, citado pela agência espanhola EFE.

Lavrov reiterou que as suas partes têm de retomar as negociações antes de se falar num eventual encontro entre os dois presidentes.

O ministro russo questionou a exigência de Zelensky, para se encontrar com Putin, de uma retirada das tropas russas para as posições anteriores a 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia.

“Esta é uma abordagem absolutamente não séria, que também está em completa contradição com as iniciativas apresentadas pela própria delegação ucraniana em 29 de março”, em Istambul, disse.

“A bola está no campo da Ucrânia há quase dois meses, desde meados de abril, quando eles próprios mudaram a sua própria abordagem, tal como apresentada em Istambul”, acrescentou Lavrov.

O chefe da diplomacia turca mostrou-se mais otimista, dizendo que notava uma “atmosfera mais positiva” nas últimas semanas.

“Se ambos os lados estiverem prontos a confiar um no outro, estamos prontos a lidar construtivamente com esta questão, como fizemos em Antalya”, disse, referindo-se às negociações entre a Rússia e a Ucrânia realizadas na Turquia.

Segundo Cavusoglu, a Turquia “está pronta a fazer todos os esforços possíveis” para retomar o processo de negociação.

A Ucrânia e a Rússia iniciaram negociações quatro dias depois do início da guerra, na Bielorrússia, mas o processo encontra-se suspenso desde abril.

O processo teve algumas sessões presenciais, a que se sucederam reuniões por videoconferência, de que resultou, sobretudo, a criação de corredores humanitários para retirar civis de algumas zonas de combate, como a cidade portuária de Mariupol.

Em março a Turquia acolheu duas rondas de conversações, a primeira entre Lavrov e o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, e a segunda entre negociadores de Moscovo e Kiev, mas sem resultados que levassem ao fim da guerra, que dura há mais de três meses.