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Rússia alerta para "escalada nuclear” se tratado START III não for prolongado

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo alertou para uma possível “escalada nuclear” se o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START III) não for renovado, lamentando o bloqueio no diálogo com os Estados Unidos


Autor: Lusa/AO Online

“Uma alternativa indesejável à medida proposta pela Rússia seria a criação de um vácuo completo em termos de restrições ao potencial nuclear, aumento das tensões e uma nova escalada da ameaça nuclear”, disse Serguei Ryabkov num seminário sobre política nuclear, citado pela agência de notícias estatal russa TASS.

O diplomata russo reafirmou que Moscovo “vai garantir a segurança [do país] em qualquer caso”, mas avisou que o fim do tratado, marcado para fevereiro de 2026, “vai eliminar os últimos mecanismos de contenção nuclear entre as duas principais potências do mundo”.

Assinado em 2010 e prorrogado pela última vez em 2021, o START III limita o número de ogivas nucleares estratégicas implantadas por cada país a 1.550 e o número de lançadores a 700.

Ryabkov considerou pouco provável o relançamento das negociações com Washington no atual contexto geopolítico.

“A agenda de controlo de armas e da não proliferação tornou-se refém da situação na Ucrânia e de outros fatores políticos. Não vejo oportunidade prática para um diálogo realista”, considerou.

Ryabkov lembrou que o Presidente russo, Vladimir Putin, propôs em setembro prolongar o tratado por um ano depois do termo, mantendo as limitações nucleares em vigor, desde que os Estados Unidos “não tomem medidas que alterem o equilíbrio de capacidades de dissuasão”.

Ryabkov culpou ainda Washington pelo impasse no Tratado de Proibição Completa de Ensaios Nucleares, referindo que os EUA “não o ratificaram em quase 30 anos”, e justificou a decisão de Moscovo de retirar a ratificação em 2023.

Entretanto, a anunciada cimeira entre Putin e o Presidente norte-americano, Donald Trump, prevista para Budapeste, foi adiada por tempo indeterminado, devido à ausência de progressos nas negociações de paz sobre a Ucrânia.