Rússia admite que negociações de desarmamento com os EUA são improváveis
8 de abr. de 2025, 15:49
— Lusa/AO Online
"Neste
momento, é muito difícil imaginar, uma vez que o início das conversações
sobre a segurança estratégica e o controlo de armas pressupõe um certo
nível de relações bilaterais e de confiança mútua", disse o porta-voz
presidencial russo, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária
por telefone.O porta-voz russo
acrescentou que as partes devem primeiro restaurar a confiança "com a
correspondente vontade política" dos seus Presidentes."Para
conseguir um possível início de negociações tão complexas no futuro,
tanto Moscovo como Washington estão a fazer esforços consideráveis para
normalizar as nossas relações bilaterais, que sofreram graves danos nos
últimos anos durante o anterior Governo em Washington", disse Peskov.O
antigo Presidente e atual vice-chefe do Conselho de Segurança russo,
Dmitri Medvedev, alertou hoje que o desarmamento nuclear será impossível
nas próximas décadas, mesmo que o atual conflito na Ucrânia seja
resolvido de forma pacífica."A situação é
tal que, mesmo que o conflito em torno da chamada Ucrânia seja
completamente encerrado, o desarmamento nuclear será impossível nas
próximas décadas", declarou Medvedev na rede social Telegram.Medvedev,
que fez estas observações por ocasião do 15º aniversário da assinatura
do tratado de desarmamento START III entre a Rússia e os Estados Unidos,
previu que nos próximos anos "o mundo criará novos e mais destrutivos
tipos de armas e mais países vão adquirir armas nucleares".Da
mesma forma, o ex-Presidente russo (2008-2012) lamentou que a
assinatura do START em 2010 não tenha reduzido o risco de guerra
nuclear, culpando os EUA e os seus aliados.Em
fevereiro de 2023, um ano após a invasão russa na Ucrânia, o Presidente
da Rússia, Vladimir Putin, suspendeu a participação do seu país no
START III, ou Novo START, o último tratado de desarmamento nuclear ainda
em vigor com os Estados Unidos.O START
III foi assinado em Praga, em 08 de abril de 2010, por Medvedev e pelo
então chefe de Estado norte-americano, Barack Obama.O
tratado limitou o número de armas nucleares estratégicas, com um máximo
de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas de mísseis balísticos para
cada uma das duas potências em terra, mar ou ar.A
Rússia quer incluir a França e o Reino Unido nas futuras negociações de
desarmamento com os Estados Unidos, que exigem a participação de outra
potência nuclear, a China. Ao mesmo tempo, Moscovo criticou o debate
estratégico lançado pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a
possibilidade de alargar o guarda-chuva nuclear francês a outros aliados
europeus.