Rússia acusa Kiev de sabotar plano de paz com texto "radicalmente diferente"
Ucrânia
Hoje 17:20
— Lusa/AO Online
"A nossa
capacidade de dar o impulso final e chegar a um acordo depende do nosso
trabalho e da vontade política da outra parte. Sobretudo num contexto em
que Kiev e os seus apoiantes, particularmente dentro da União Europeia,
que não são favoráveis a um acordo, redobraram os seus esforços para o
sabotar", criticou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo,
Sergei Ryabkov.Em declarações à televisão
russa, o governante apontou o argumento habitual de Moscovo sobre “uma
resolução adequada dos problemas que estão na origem desta crise”,
iniciada com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, sem a
qual, defendeu, “será simplesmente impossível chegar a um acordo final".Ryabkov
apelou para a adesão à estrutura negocial estabelecida pelos
presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump, em
agosto passado no Alasca, insistindo que, caso contrário, "nenhum acordo
poderá ser alcançado".O Presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, apresentou na quarta-feira a versão
revista do plano norte-americano, no seguimento das rondas de
negociações na última semana.A primeira
versão da proposta da Casa Branca, conhecida há mais de um mês e com 28
pontos, contemplava as principais exigências de Moscovo, incluindo
cedências territoriais da Ucrânia, que teria de abdicar dos seus planos
militares e da adesão à NATO.A versão
revista, de 20 pontos, propõe um congelamento das linhas da frente sem
oferecer uma solução imediata para as questões territoriais.Além
disso, o texto abandona duas exigências essenciais do Kremlin: a
retirada das tropas ucranianas da região do Donbass, no leste do país, e
um compromisso juridicamente vinculativo da Ucrânia de não aderir à
NATO."Este plano, se é que podemos
chamar-lhe assim, difere radicalmente dos pontos que desenvolvemos nas
últimas semanas, desde o início de dezembro, em colaboração com o lado
americano", comentou hoje o vice-ministro russo.O
Presidente ucraniano anunciou hoje que vai reunir-se possivelmente no
domingo, na Florida, com Donald Trump, para discutir garantias de
segurança para a Ucrânia, no âmbito do plano de paz.O
anúncio surgiu depois de Zelensky referir, na quinta-feira, que tinha
tido uma “boa conversa” com os enviados norte-americanos Steve Witkoff e
Jared Kushner.Do lado russo, o porta-voz
do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou que Moscovo mantém contactos com
representantes dos Estados Unidos, após o negociador russo Kirill
Dmitriev se ter reunido recentemente com interlocutores norte-americanos
na Florida.Apesar de a diplomacia russa
ter falado em “progresso lento, mas constante” nas conversações, Moscovo
não indicou disponibilidade para retirar forças das áreas ocupadas