Ruínas de forte da ilha de Santa Maria desafetadas do domínio público marítimo
18 de out. de 2023, 08:47
— Lusa/AO Online
A proposta de
decreto legislativo hoje aprovada procede à desafetação do domínio
público marítimo, por motivos de interesse público, e a integração no
domínio privado da Região Autónoma dos Açores, da parcela de terreno
onde se encontram implantadas as ruínas do forte do século XVI, situado
na freguesia de Almagreira, no concelho de Vila do Porto, na ilha de
Santa Maria.Segundo o secretário regional
do Ambiente, Alonso Miguel, em 2016 deu entrada na Assembleia
Legislativa uma petição a pugnar a preservação do forte e em 2021 foi
aprovada uma resolução “que recomendava ao Governo que fossem promovidas
todas as diligências no sentido de garantir a desafetação do domínio
público marítimo desta parcela de terreno”.Na
sua opinião, a decisão hoje tomada por unanimidade pelo parlamento
açoriano “é um primeiro passo necessário de um processo que tem uma
ordem lógica”, para dar uma utilidade ao local onde se situam as ruínas
do Forte de São João Baptista da Praia Formosa, na ilha de Santa Maria.A
deliberação “abre espaço a novas etapas, desde logo a avaliação do
ponto de vista técnico da necessidade de intervenção ao nível da orla
costeira”, admitiu.Por outro lado, segundo
Alonso Miguel, auscultando as forças vivas da ilha de Santa Maria, o
executivo açoriano irá “pensar e delinear uma estratégia de recuperação e
de aproveitamento daquelas infraestruturas para colocá-las ao serviço
dos marienses, dos açorianos” e dos visitantes.Na
discussão do tema, a deputada do PSD Elisa Sousa lembrou que a
Assembleia Municipal da Vila do Porto reconheceu o local de interesse
público municipal e que a decisão hoje tomada é “um passo importante”.Nuno
Barata (IL) considerou que o Forte de São João Baptista da Praia
Formosa “deve estar ao serviço e disponível à população de Santa Maria” e
considerou importante saber o que o Governo Regional vai fazer, depois
de o ter na sua posse.Já João Costa (PS) lembrou que “a reivindicação dos marienses é que se proteja o Forte de São João Baptista”.Por
sua vez, o deputado do CDS-PP Pedro Pinto admitiu que “este é um passo
fundamental: a região tomar posse daquela infraestrutura para nela fazer
alguma coisa para dar-lhe utilização”.Gustavo
Alves, do PPM, observou que caso a atual situação persistisse “em pouco
tempo nada restaria” daquele espaço, a não ser a memória.Para
António Lima (BE), o forte tem valor patrimonial elevado e é necessário
conservar o que existe para “usufruto por parte da população”.Por
fim, o deputado independente Carlos Furtado disse que recebeu com
“alguma mágoa” o estado de abandono em que se encontra o edificado
militar do Forte de São João Baptista que, na sua opinião, no passado,
“tanto contribuiu” para o bem-estar da população.Na
proposta hoje aprovada, lê-se que as campanhas arqueológicas realizadas
no local “levantam a possibilidade de esta ser a mais antiga estrutura
de fortificação no arquipélago, remontando ao século XVI, a que acresce a
sua importância, como referência, na história militar dos Açores”.