Rui Pinto em silêncio no arranque do segundo processo
Football Leaks
13 de jan. de 2025, 18:07
— Lusa/AO Online
No
arranque do julgamento, o segundo relacionado com o processo Football
Leaks, Rui Pinto, que está num programa de proteção de testemunhas,
informou a juíza Tânia Loureiro Gomes de que não pretendia prestar
declarações.No Juízo Central Criminal de
Lisboa, durante as exposições introdutórias, Rui Patrício, advogado do
Benfica, classificou o arguido como “um pirata informático” e não um
“whistle blower [denunciante]”, considerando que este, adepto do FC
Porto, agiu por interesses de natureza clubística.“O
arguido é um pirata informático, não existem factos que permitam
qualificá-lo como um denunciante protegido. Os seus fins foram norteados
por uma natureza clubística, não foram fins de investigação, nem de
justiça”, referiu Rui Patrício, acrescentando: “Foi um assaltante, não
de casas mas de domicílios informáticos".Do
lado da defesa, o advogado Francisco Teixeira Mota, considerou ter
“havido vantagens para a sociedade” com as revelações feitas pelo
arguido, lembrando o papel de Rui Pinto no caso Luanda Leaks,“Queremos
provar que as ações tiveram um aspeto positivo, que aquilo que fez teve
vantagens para a sociedade” afirmou o advogado, classificando o arguido
como um denunciante.A defesa considerou
ainda que o “processo é um absurdo”, voltando a mostrar-se contra o
julgamento dividido em processos diferentes, e alegando que a estratégia
do Ministério Público é ilegal. O
julgamento, no qual Rui Pinto vai responder por um total de 241 crimes -
201 de acesso ilegítimo qualificado, 22 de violação de correspondência
agravados e 18 de dano informático - prossegue na quarta-feira.Além do Benfica, entre as figuras e
instituições visadas encontram-se também outros clubes, Liga, empresas,
sociedades de advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e
Rede Nacional de Segurança Interna.O
criador do Football Leaks foi pronunciado para julgamento em março
passado, com o Tribunal Central de Instrução Criminal a amnistiá-lo de
134 crimes de violação de correspondência, com base na aplicação da lei
da amnistia aprovada em 2023, durante as Jornadas Mundiais da Juventude,
uma vez que os crimes que são imputados foram alegadamente praticados
antes de ter completado 30 anos.Rui Pinto
foi condenado no caso ‘Football Leaks’, em setembro de 2023, pelo Juízo
Central Criminal de Lisboa, a quatro anos de prisão com pena suspensa,
por crimes de extorsão na forma tentada, violação de correspondência
agravado e acesso ilegítimo.Em novembro de
2023, foi também condenado a seis meses de prisão em França, com pena
suspensa, por aceder ilegalmente a emails do Paris Saint-Germain.