Rui Moreira acusa Governo de ter “dois pesos e duas medidas” na vacinação
Covid-19
26 de mai. de 2021, 13:05
— Lusa/AO Online
O Governo anunciou, numa mensagem
publicada, no final da noite de terça-feira, na conta oficial na rede
social Twitter, que decidiu acelerar a vacinação contra a Covid-19 “a
nível nacional”, e não apenas em Lisboa, como anunciara horas antes,
alargando-a a maiores de 40 e 30 anos a partir de 06 e 20 de junho,
respetivamente.“Há provavelmente um recuo
ou um aclaramento por parte do Governo, [mas] não é isso que me
preocupa. Não é naturalmente aceitável que, na matéria da vacinação, e a
vacinação é um assunto muito sério, estejam a criar critérios
territoriais, quando eles antes não foram criados. Se entenderem criar,
então já deviam ter criado, porque já houve situações, felizmente não no
Porto, mas noutras terras e cidades do país, onde houve problemas, e
não se percebeu que tivesse havido igual preocupação”, frisou o autarca.Rui
Moreira confirmou que o secretário de Estado Adjunto e da Saúde,
António Lacerda Sales, lhe telefonou na noite de terça-feira para
explicar que a vacinação seria alargada a todo o país e não só em
Lisboa, como foi noticiado.“Ligou-me ontem
à noite cerca das nove e meia da noite. Aquilo que o senhor secretário
de Estado me disse é que aquilo tinha sido uma interpretação errónea da
comunicação social. Fui ver aquilo que estava no ‘site’ do Governo e,
neste caso, estou do lado da comunicação social. Se houve um equívoco,
meu não foi, creio que não foi dos portugueses e não foi também da
comunicação social”, declarou o autarca.Falando
aos jornalistas no fim de uma visita às obras do antigo matadouro
municipal, o autarca frisou que o país “é uno e que os portugueses têm
todos os mesmos direitos”.Rui Moreira
recordou as declarações de Lacerda Sales, quando afirmou que tem havido
“contactos e negociações” com a Câmara de Lisboa sobre a vacinação,
situação que lhe parece “razoável”.“Comigo
não falaram. Temos vindo a acompanhar o que se passa com a vacinação no
Porto, mas não estamos satisfeitos. É inacreditável porque é que, tendo
a Câmara do Porto, com o Hospital de São João, já com os pareceres dos
ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde] Ocidental e Oriental, definido
que temos um ‘drive-thru’ e um ‘walk-thru’ preparado no Queimódromo
[junto ao Parque da Cidade], tendo sabido que isso funcionou no caso dos
testes e, portanto, funcionaria no caso das vacinas, continuamos a não
ser ouvidos e continua a não haver connosco diálogo”, criticou o
autarca.“Também aí nós sentimos que há
dois pesos e duas medidas: em Lisboa, e bem, repito, e bem, fala-se com a
Câmara Municipal de Lisboa e aqui e noutros sítios ignora-se as
posições das câmaras. (…) O que não pode ser é: relativamente a uma
câmara o Governo e as entidades de saúde negoceiam, [e] a nós trata-nos
da maneira que trata. Recordo aquilo que aconteceu quando anunciaram a
cerca ao Porto, que por acaso tinha sido um engano, ninguém tinha falado
comigo”, lembrou o autarca.Rui Moreira
entende que esta questão da vacinação é só mais um exemplo de que o
Norte é tratado de maneira diferente de Lisboa, justificando que “o país
é assim”.“Nesta matéria, como noutras, o
Norte é tratado de maneira diferente. O Norte e o resto do país são
tratados de maneira diversa do que é a capital. Isso tem sido a minha
luta há muitos anos, venho-o dizendo muitas vezes e temos aqui um caso
de absoluta evidência. Repito: estas medidas que estão agora a ser
flexibilizadas para Lisboa nunca foram flexibilizadas para outras zonas
ou terras do país”, salientou Rui Moreira.O
autarca disse ainda “não se conformar com a questão do mapa às cores”,
essencial para que se decida reverter as medidas de desconfinamento. Rui
Moreira recordou que essa situação levou, no fim de semana, a que
“terras e cidades” recuassem ou não avançassem no desconfinamento, e que
Braga “estaria em risco de confinar”.“Subitamente,
como há um problema em Lisboa, mexe-se a linha vermelha. E [para] mexer
a linha vermelha desta maneira, então que nos deem competências. Devo
já dizer que, se a mim me derem competência, não vejo nenhuma razão para
os restaurantes na cidade do Porto, por exemplo, terem de fechar às
22h30. Não compreendo. Fechar os restaurantes às 22h30 aumenta a
concentração de fregueses dentro do restaurante e prejudica a atividade
económica”, defendeu Rui Moreira.