Rovisco Duarte nunca teve dúvidas de que houve furto em Tancos
31 de out. de 2017, 19:06
— Lusa/AO online
"Tenho a certeza de que houve um furto. Não lhe
chamemos assalto, chamemos um furto. (...) Tenho a certeza na base dos
dados das averiguações que foram conduzidas. Não tenho dúvidas nenhumas
de que houve um furto", disse Rovisco Duarte. O
general respondia aos jornalistas em conferência de imprensa na Unidade
de Apoio Unidade Apoio Geral Material do Exército (UAGME), em
Benavente, Santarém, para fazer o ponto da situação sobre a desativação
dos paióis nacionais de Tancos, no último dia do esvaziamento das
instalações. Questionado sobre se acredita que algum dia se vão descobrir os autores do furto, Rovisco Duarte
afirmou: "Estou convencido que vão descobrir. Se há provas é mais
complicado, mas isso não é comigo", disse, numa referência à
investigação criminal em curso. A convicção de que se tratou de
um furto é apoiada por "evidências que decorrem dos processos de
averiguações que estão a ser conduzidos", disse. O general disse também que "tem a certeza" de que hoje o material do Exército está todo inventariado, em todas as unidades. Questionado
sobre as conclusões dos processos de averiguações promovidos
internamente visando determinar o que falhou ao nível da segurança, Rovisco Duarte disse que, no que respeita à segurança física, "verdadeiramente não estão concluídos". "Estes
processos verdadeiramente não estão concluídos. Tirei as minhas
conclusões e atuei. Por que é que foi roubado, se falharam rondas, se
falhou a segurança, isso não está completo ainda porque estão a decorrer
processos ainda", afirmou. Rovisco Duarte
recusou adiantar mais informações sobre os processos disciplinares
afirmando que estão em fase de contraditório. No dia 14 de agosto, o
comandante de Engenharia n.1 mandou instaurar processos a "um primeiro
sargento e a um segundo cabo". No dia 06 de setembro, houve outro
processo, instaurado a um capitão. "O sistema de vigilância
[eletrónica] estava avariado. Quanto ao pessoal responsável pela
segurança é assunto dos processos [disciplinares] e como tal não vou
dizer", afirmou. Rovisco Duarte
lembrou que o sistema de rotação por várias unidades para fazer a
segurança do local foi adotada em 2007, na sequência do fim do Serviço
Militar Obrigatório, em 2004. "O Exército em 2004 e em 2005
tinha falta de efetivos. Foi nessa altura que houve uma redução dos
efetivos que faziam a segurança e foi a razão pela qual foi introduzido o
esquema da rotação, que tem mais de dez anos, foi o resultado do fim do
SMO [Serviço Militar Obrigatório]", disse. O general Rovisco Duarte
considerou ainda que foi mal compreendido por ter exonerado os
comandantes das cinco unidades responsáveis rotativamente pela segurança
física das instalações dos paióis e disse que hoje voltaria a fazer a
mesma coisa. Os comandantes foram exonerados dos cargos para
"não haver entraves" aos processos de averiguações e, ao fim de duas
semanas, foram renomeados para os mesmos cargos, sem que das
averiguações tivesse resultado qualquer processo disciplinar por ordem
do CEME. "Hoje estou seguro de que foi uma boa decisão, fui mal
compreendido, tenho as costas largas, muita gente criticou,
inclusivamente no meio militar. Dois tenentes-generais que não
confiaram, não acreditaram, e decidiram bater com a porta, aceitei isso.
São ossos do ofício", declarou. O caso de Tancos provocou duas
demissões de peso no Exército, em julho, (tenentes-generais Antunes
Calçada e António Menezes) com graves consequências na hierarquia,
obrigando a uma reorganização interna na estrutura superior de comando,
que aguarda ainda por autorizações do ministério da Defesa e das
Finanças para suprir as vagas. Segundo o CEME, o despacho para as promoções solicitadas pelo Exército já foi autorizado.