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Roupa em segunda mão chega a Ponta Delgada
À primeira vista, a loja da Rua Pedro Homem, em Ponta Delgada, parece uma loja de roupa, como muitas outras. Mas quem decide entrar tem logo três surpresas. Primeiro, tem atendimento personalizado pela proprietária que, sendo estónia, fala bem português. Depois, pelo preço das peças de roupa, que podem ir dos 75 cêntimos até aos 15 euros. A terceira surpresa só se revela quando se fala um pouco com a proprietária Triin Medeiros. É que, sendo uma loja que vende roupa em segunda mão, quem quiser pode ir lá vender a roupa usada que já não veste.

Autor: Carla Dias
O conceito de venda de roupa em segunda mão não é novo, e Triin também pensou nisso quando teve o primeiro filho. “Porque a roupa de criança é muito cara e não é muito variada”, diz.
A ideia era uma loja para que as mães pudessem trocar a roupa que as suas crianças não usavam mais. Mas também Triin queria mais. A estónia, que conheceu o marido açoriano na Noruega, pôs mãos à obra e abriu na passada semana a loja onde agora é possível comprar roupa “personalizada, barata e alternativa”.
Mas, para quem quer conhecer a loja, Triin dá algum conselho: “tem de vir preparado para mexer em tudo porque, como tudo é único, tem de se procurar para encontrar”. Isto porque, ao contrário das lojas normais onde há vários tamanhos da mesma peça, ali geralmente as peças são únicas e é necessário procurar algo que se goste e depois verificar se o número é o correcto.
Contudo, o que pode parecer uma desvantagem, tem um lado positivo: “É que assim a roupa é única, alternativa, com personalidade e para quem gosta de vestir diferente”, confirma Triin.
A jovem empresária diz que os açorianos têm de poupar dinheiro e, como tal, comprar roupa em segunda mão e ainda por cima poder lucrar com isso, é também uma vantagem. Actualmente, a roupa vem da Dinamarca, mas quem quiser vender alguma peça que tenha no armário e que já não use, pode vender na loja. A pessoa entrega peças, combina um preço e, só depois de vendida a roupa, é concretizado o negócio. Portanto, há também uma grande rotatividade da roupa e pode não haver o número que se procura, mas rapidamente chega roupa “nova”. Para a empresária, a maior vantagem da loja são os preços, em especial na roupa de criança. Roupa que vai desde os 75 cêntimos pelos bodies, as camisolas de 1 euro e os casacos a 5 euros. Quanto à roupa de adulto, há casacos a 5 euros, saias a 2,5 euros e os casacos de inverno, que são as peças mais caras da loja, que podem chegar aos 15 euros.
E quem pensa que roupa em segunda mão à venda é velha desengane-se, porque há certos cuidados na avaliação do que vai ser vendido: desde verificar se as cores ainda estão bem vivas, se falta botões, se a peça está rasgada ou com colarinhos coçados.
Triin Medeiros mostra-se confiante quanto aos resultados que irá obter, apesar de reconhecer que os açorianos ainda não estão habituados ao conceito de roupa em segunda mão. Mas conta a experiência de quando chegaram as lojas de roupa usada à Estónia. “Primeiro houve algum receio, mas depois toda a gente começou a comprar lá porque é roupa barata e mais personalizada e é mais fácil comprar roupa de criança barata, porque os miúdos estragam roupa com muita facilidade”.
Depois há a vertente da solidariedade. Triin e o marido querem que uma percentagem da roupa que vendam reverta para uma instituição particular de solidariedade social. É outro conceito interessante para o qual Triin desafia os empresários locais a acolher também.