Rosa Coutinho Cabral "orgulhosa e feliz" com prémio de cinema que atribui à equipa
9 de ago. de 2017, 15:23
— Lusa/AO online
"Estou orgulhosa, feliz e muito
contente" por ter sido premiada por um filme "que foi difícil de fazer -
levou três anos e teve um orçamento muito pequeno, pelo que atribuo o
prémio aos atores e a toda a equipa que me acompanhou neste projeto
extraordinário", disse Rosa Coutinho Cabral à agência Lusa. A
cineasta acrescentou ter acolhido este prémio com "especial agrado" por
se tratar do reconhecimento de um festival jovem -- este foi o primeiro
Krajina Film Festival, realizado entre 23 e 30 de julho último -- a um
trabalho de uma pessoa "já entrada na idade". "Coração negro"
estreou-se no passado mês de maio, na Competição Nacional do festival
IndieLisboa, e conta a história da vida de um casal que constrói uma
casa na ilha do Pico, no lugar de São Miguel Arcanjo, cuja conjugalidade
se vai desagregando à medida que avança a construção da casa. Para
a cineasta, trata-se de um filme "quase mudo, em que os atores, mais do
que personagens [sem nome no filme] são pessoas" e no qual optou por um
"esvaziamento narrativo, já que a intenção era falar sobre a morte da
relação do casal". "Na história do cinema já se viu e disse tudo
do ponto de vista narrativo sobre a rutura da conjugalidade", referiu,
justificando assim a opção de se ter socorrido da "natureza telúrica e
vulcânica dos Açores", para ilustrar a morte da relação do casal. Interpretado por Maria Galhardo, João Cabral e Miguel Borges, o filme tem argumento da cineasta e de Tiago Melo Bento. Em
2013, Rosa Coutinho Cabral estreou "Arriverderci Macau", sobre o
arquiteto Manuel Vicente, e, na temporada 2012/2013, com o Grupo de
Teatro artivício, encenou a peça "Bartleby -- Um Experimento de
Melville", que esteve em cena na LXFactory e no Teatro do Bairro, em
Lisboa. "Cães sem Coleira" e "Lavado em Lágrimas" são filmes anteriores da realizadora. Neste
momento, a cineasta encontra-se a preparar um documentário sobre
Caminho Pessanha, que pretende candidatar em setembro, a financiamentos
do Instituto do Cinema e do Audiovisual. O poeta Camilo Pessanha,
considerado expoente máximo do simbolismo, nasceu em Coimbra, em
outubro de 1867, e morreu em Macau, em março de 1926. A primeira edição do Krajina Film Festival decorreu de 23 a 30 de julho de 2017, segundo o site oficial do certame na internet. A
atribuição dos prémios deste certame na República Sérvia de Krajina -
autoproclamada durante a década de 1990 -, ocorreu em agosto, segundo os
agradecimentos publicados na sua página na internet.