Risco na Volta não está "reduzido a zero", mas está "bastante controlado"
24 de jul. de 2020, 17:40
— Lusa/AO Online
Em
entrevista à agência Lusa, Delmino Pereira reconheceu não poder aceitar
ter autorização da Direção-Geral da Saúde (DGS) para a prova rainha do
calendário velocipédico nacional, agora agendada entre 27 de setembro e
05 de outubro, e esta não acontecer, argumentando, contudo, que só será
possível organizar a Volta a Portugal se houver um equilíbrio entre o
desejo de salvaguardar o futuro profissional do pelotão e o de proteger a
saúde dos ciclistas e da população em geral.“Vejo
que, efetivamente, não temos risco reduzido a zero, mas temos o risco
bastante controlado. E a Volta a Portugal nesta altura do ano será um
evento controlado, até porque vamos ter a experiência de outras provas
que, entretanto, recomeçaram e, portanto, com certeza, teremos o
processo mais aperfeiçoado, e será uma boa operação para os municípios,
para as regiões”, sustentou.Notando que
“todos nós, no nosso dia-a-dia”, estamos a correr o risco de ser
infetados pelo novo coronavírus, seja nos empregos ou na vida
quotidiana, o presidente da FPC defendeu o direito ao trabalho dos
corredores, que demonstram “uma coragem e uma disponibilidade” para
regressar à estrada.“A crueldade desta
doença é esta: de um momento para o outro, tudo pode mudar. É preciso
perceber isto. Todos nós temos de ter humildade: temos de fazer tudo ao
nosso alcance para que corra bem, mas a verdade é que de um momento para
o outro tudo pode correr mal”, ressalvou, ao admitir que o pelotão
ficou abalado pelo adiamento do Troféu Joaquim Agostinho, apenas quatro
dias antes do arranque, devido a um caso positivo de covid-19 entre a
organização da prova.Embora confesse temer
“tudo”, inclusive um cenário semelhante ao vivido na Volta aos Emirados
Árabes Unidos, cancelada a duas etapas do final, devido a casos de
covid-19, Delmino Pereira acredita que, dado o plano desenhado pela FPC e
‘carimbado’ pela DGS, essa eventualidade está “minimamente
salvaguardada”.“Estão a ser tomadas
medidas para que uma situação a essa dimensão não aconteça”, completou,
esclarecendo que, caso haja um caso de infeção entre os ciclistas
participantes na Volta a Portugal, dificilmente a corrida será suspensa.“Tem
muita a ver com a convivência onde os atletas estão incluídos,
principalmente nas equipas. Isto será sempre também uma decisão de
entidade local de saúde e da DGS, mas, à partida, todo este rasto de
contágio fica muito direcionado no próprio grupo e na própria equipa. À
partida, a situação está a seguir um protocolo que não é de propagação
no pelotão, mas dentro do próprio grupo”, indicou.De
acordo com o plano de contingência para a realização da Volta a
Portugal, os ciclistas terão de ser monitorizados pelas equipas médicas,
com distanciamento físico assegurado e a não existência de
concentrações superiores a 20 pessoas, além de outras medidas, como o
estabelecimento de coortes [bolhas, de forma a estarem separadas] para
cada equipa, sendo que o pelotão não deverá partilhar hotéis.“As
equipas são as primeiras a ter um comportamento irrepreensível, ao
nível de evitar os contágios, e, portanto, esta questão, neste momento, é
um risco que vamos ter de correr, sendo que será, claramente, um risco
controlado”, reiterou o dirigente federativo.A
82.ª Volta a Portugal em bicicleta, que estava prevista entre 29 de
julho e 09 de agosto, foi adiada em 25 de junho, depois de várias
autarquias terem manifestado não estarem disponíveis para acolher a
passagem da caravana em plena pandemia de covid-19.Perante
as dificuldades do organizador, a Podium, em realizar a corrida, a FPC
“assumiu a responsabilidade de colocar o evento na estrada” e anunciou
estar “a trabalhar para que a Volta a Portugal possa realizar-se entre
27 de setembro e 05 de outubro”.