Risco de transmissão do vírus a recém-nascidos é muito baixo
Covid-19
12 de out. de 2020, 16:07
— Lusa/AO Online
Segundo os resultados de um
estudo publicado na revista científica “JAMA Pediatrics”, as mães
infetadas com o SARS-CoV-2 raramente transmitem o vírus ao recém-nascido
se os procedimentos básicos de controlo da infeção, como o uso de
máscara e a higienização, forem cumpridos.A
investigação conjunta entre o Centro Médico da Universidade de Columbia
e o Hospital Pediátrico Morgan Stanley em Nova Iorque analisou os
resultados dos primeiros 101 bebés de mulheres com covid-19 nascidos em
dois hospitais da cidade entre 13 de março e 24 de abril de 2020.“As
nossas conclusões devem tranquilizar as grávidas com covid-19 porque as
medidas básicas de controlo de infeção durante e após o parto
protegeram os recém-nascidos de infeção”, sublinhou uma das
investigadoras e especialista em medicina materno-fetal do centro
médico, Cynthia Gyamfi-Bannerman, citada em comunicado.Após
o parto, estas medidas básicas consistiram, sobretudo, na utilização de
máscara por parte da equipa hospitalar, que cumpriu sempre que possível
o distanciamento social.As mães ficaram
internadas pelo menor tempo necessário, se não tivessem tido
complicações, e sempre em quartos privados, que partilharam com os
bebés, colocados em berços de proteção a quase dois metros de distância
da cama da mãe.Segundo Cynthia
Gyamfi-Bannerman , nos dois hospitais, a amamentação direta e o contacto
pele a pele entre a mãe e o bebé foi promovido, desde que o uso de
máscara e a higienização fossem cumpridos.“Durante
a pandemia, continuamos a fazer o que fazemos normalmente para promover
a criação de laços e o desenvolvimento dos recém-nascidos saudáveis,
enquanto tomamos algumas precauções complementares para minimizar o
risco de exposição ao vírus”, explicou.Apesar
desse contacto próximo, o risco de transmissão do novo coronavírus
entre as mães e os bebés revelou-se muito baixo e só dois dos 101
recém-nascidos testaram positivo, mas sem apresentarem sintomas.De
acordo com os investigadores, promoção da amamentação direta e do
contacto nos dois hospitais que fizeram parte do estudo contrariam as
diretrizes provisórias de várias organizações de saúde e de pediatria.Algumas
das orientações recomendam, por exemplo, a separação das mães e dos
recém-nascidos durante o internamento, que se dê banho ao bebé tão cedo
quanto possível (ao contrário de o fazer após o período habitual mínimo
de 24 horas) e desaconselham a amamentação direta.“Estas
recomendações foram feitas na ausência de dados sobre a taxa de
transmissão das mães para o recém-nascido e assentam na experiência com a
transmissão de outras doenças infecciosas”, explicou a pediatra do
hospital Morgan Stanley Dani Dumitriu, que liderou a investigação.Por
outro lado, acrescentou, há evidência científica que aponta para os
benefícios para o desenvolvimento dos bebés da amamentação precoce e do
contacto pele a pele com a mãe e à luz dos últimos dados sobre o risco
de transmissão essas restrições não são necessárias.“Achamos
que é particularmente importante que as mães com covid-19 tenham a
oportunidade de amamentar diretamente os recém-nascidos”, complementou
Cynthia Gyamfi-Bannerman, referindo ainda que o leite materno pode até
proteger os recém-nascidos de várias patologias e contra a infeção pelo
novo coronavírus.“A maioria dos estudos
não encontrou SARS-CoV-2 no leite materno, mas já se concluiu que o
leite materno contém anticorpos contra o vírus”, sublinhou.Durante
as primeiras duas semanas de vida, os 101 bebés foram acompanhados
pelos médicos e todos continuaram bem, incluindo os dois recém-nascidos
que testaram positivo.