Risco de pobreza subiu em 2023 e afetou mais 60 mil pessoas
15 de mai. de 2024, 11:13
— Lusa/AO Online
De acordo com os
dados do relatório que inclui alguns
dados preliminares do Inquérito aos Rendimentos e Condições de Vida
(ICOR), do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo a 2023, a
taxa de risco de pobreza aumentou 0,6 pontos percentuais entre 2022 e
2023, passando de 16,4% para 17%.“O número
de pessoas em risco de pobreza aumentou 60 mil”, lê-se no relatório, da
responsabilidade dos investigadores Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e
Miguel Fonseca, da Nova School of Business & Economics.Este aumento significa que em 2023 o número de pessoas a viver em risco de pobreza ultrapassou as 1,77 milhões.De
acordo com a análise feita, “a taxa de pobreza aumentou principalmente
entre as mulheres, com um aumento de 0,9 pontos percentuais em 2023”.Refere
também que “o aumento na prevalência da pobreza reflete-se em todos os
grupos etários, principalmente entre as crianças, cuja taxa de pobreza
aumentou 2,2 pontos percentuais face a 2022”.Os
dados do relatório mostram que a “prevalência da pobreza é maior nas
regiões autónomas”, onde também há mais privação material e social e
desigualdade na distribuição do rendimento.“A
taxa de pobreza está quase 10 pontos percentuais acima da média
nacional na Madeira, a região com maior taxa de pobreza em Portugal, e
nove pontos percentuais acima da nacional nos Açores”, lê-se no
relatório.Acrescenta que a taxa de
privação material e social severa desceu em todas as regiões do país
entre 2021 e 2022, com exceção dos Açores.Por
outro lado, dá conta de que aumentaram as desigualdades de rendimento,
apontando que no ano passado “os 25% mais ricos detinham cerca de 47% da
riqueza do país, a comparar com os 25% mais pobres, que detinham apenas
10,8%”.Com referência a 2022, o relatório
refere que o limiar de pobreza estava nos 551 euros mensais e que a
pobreza era mais comum entre as pessoas desempregadas (41,3%), as
famílias monoparentais (29,9%) e as pessoas com níveis de escolaridade
mais baixos (21,9%).Na pobreza também há desigualdade de género e “as mulheres têm maior taxa de risco de pobreza que os homens (16,8% vs 15,9%)”.Refere
que a taxa de risco de pobreza entre as pessoas que trabalham com
contrato temporário “é quase o triplo” (20,6%) da registada entre quem
trabalha com contrato sem termo (7,4%).Por outro lado, quatro em cada dez pessoas desempregadas são pobres, uma realidade que afeta uma em cada dez pessoas empregadas.“O
risco de pobreza também é mais elevado para os estrangeiros (28,5%)
comparado com os locais (16,1%)”, aponta o Balanço Social.Destaca
igualmente que a pessoas pobres têm “carências habitacionais bastante
marcadas” e que, em 2022, 20,5% das famílias pobres viviam em casas
sobrelotadas, por oposição a 7,2% da população que não é pobre, ao mesmo
tempo que os “encargos habitacionais excessivos” afetam sobretudo as
famílias em risco de pobreza.“Cerca de
33,9% dos agregados pobres em Portugal têm encargos com a habitação que
excedem 40% do rendimento do agregado (face a 6,6% da população não
pobre)”, lê-se no relatório.O relatório
analisa também a saúde mental e bem-estar para dar conta de que a
maioria das pessoas em risco de pobreza (quase 60%) faz pouco exercício
físico, come pouca fruta ou legumes, ao mesmo tempo que assume hábitos
menos saudáveis, como fumar (o consumo elevado de tabaco é mais
significativo entre a população pobre) ou beber bebidas alcoólicas.As pessoas pobres têm menos satisfação com a vida do que as pessoas não pobres e 16% afirmam sentir-se raramente felizes. No dia-a-dia, os pobres enfrentam dificuldades de visão (29%), de caminhar (15%) e de concentração (24%).