Rio recusa que folga orçamental possa ser usada para aumentar salários
9 de mai. de 2018, 14:17
— Lusa/AO online
“Eu
não desafiei o Governo a aumentar a função pública. O Governo é que tem
vendido a ideia de que houve quase um milagre económico e que a
economia está muito bem. Então, se está assim tão bem, não há cerca de
300 milhões de euros para pelo menos repor o poder de compra para os
funcionários públicos?”, questionou Rui Rio, em declarações aos
jornalistas, no final de uma audiência de quase duas horas com a UGT, em
Lisboa.Para o
líder do PSD, “não há milagre económico nenhum, a austeridade está
escondida” e os cortes, que antes se traduziam diretamente nos salários
dos trabalhadores, verificam-se agora no aumento da carga fiscal e no
corte da despesa nos serviços públicos.Questionando
se defende ou não o aumento dos salários da função pública no próximo
ano, Rio salientou que não é o PSD, mas o Governo que tem de fazer a
proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.“Não
bate a cara com a careta. Se há milagre, também há 300 milhões de euros
para dar 1,5% de aumento. Se não dão, não há milagre (…). Vamos ver se
há ou não milagre”, desafiou.Interrogado
se o Governo deveria usar a folga orçamental para fazer esses aumentos,
como defendem BE e PCP, Rio respondeu negativamente.“A
folga orçamental não pode usar, porque não tem folga orçamental
nenhuma. Portugal tem de, inequivocamente, reduzir o seu défice ou até
zero ou, preferencialmente, ter ‘superavit’”, disse, admitindo que, na
gestão da despesa, o Governo possa encontrar uma fórmula diferente.Questionado
se concorda com a proposta da UGT de aumentar o Salário Mínimo Nacional
(SMN) para 615 euros no próximo ano, Rio contrapôs que a proposta do
Governo de 600 euros já garante uma atualização acima da inflação e que,
a partir daí, o valor certo deve ser encontrado entre sindicatos e
entidades patronais.“Todos
os anos temos de fazer um esforço no sentido de aumentar o SMN acima da
inflação (…). Se esse valor fica nos 600 ou um pouco acima, deve ser
encontrado o equilíbrio em sede de concertação social”, defendeu.A
reunião de Rui Rio com o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, serviu
para o presidente do PSD apresentar cumprimentos, depois de ter tomado
posse no Congresso, em meados de fevereiro.