Rio não confirma nem desmente se PSD está a negociar com Chega
Açores/Eleições
2 de nov. de 2020, 14:57
— Lusa/AO Online
“As
informações que eu tenho relativamente aos Açores – o partido tem
autonomia – é que o partido está a tratar de reeditar a Aliança
Democrática do tempo do doutor Sá Careiro. Uma coligação entre PSD, CDS e
o PPM. Faltam só os reformadores, que era um grupo individual",
afirmou.Como conseguir os votos na
Assembleia Legislativa regional para alcançar uma solução maioritária de
Governo, "isso a comissão política regional está a tratar e logo
veremos”, disse Rui Rio.O líder dos
sociais-democratas, que falava aos jornalistas, no Porto, à margem de
uma reunião com a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e
Confeção (ANIVEC), não respondeu às perguntas relacionadas com uma
possível negociação com o Chega, um desafio que o PS lhe tinha lançado
no sábado.“Pelo que sei, na prática [está
em cima da mesa] a reedição da AD [Aliança Democrática] de há muitos
anos. Ele [referindo-se ao socialista José Luís Carneiro] perguntou se
eu estava de acordo com uma revisão constitucional que tenha prisão
perpetua, castração química, etc. Eu tenho bom feitio (…). Não
respondo”, referiu o presidente do PSD.No
sábado, o secretário-geral adjunto do PS desafiou Rui Rio a esclarecer
se, nos Açores, os sociais-democratas estão em negociações com o Chega
para a constituição de um executivo na região.Em
declarações à agência Lusa, José Luís Carneiro disse não querer colocar
em causa a "autonomia" dos partidos e a própria autonomia das
estruturas açorianas, mas ressalvou que uma das contrapartidas do Chega
para a negociação, a avaliar por "informações" que circulam no "espaço
público", passam por um apoio social-democrata à revisão constitucional
proposta pelo partido de André Ventura.Tal,
disse o socialista, representaria uma "rotura com o património cultural
e de valores humanistas que estão inscritos" na Constituição, ao
incluir, por exemplo, a pena de prisão perpétua."Em
função dessas informações, o PS entende que o dr. Rui Rio tem o dever
de, primeiro, esclarecer se há ou não há negociações em curso tendo em
vista estabelecer um acordo com o Chega e se, em segundo lugar, esse
acordo pressupõe" essa referida revisão constitucional, prossegue José
Luís Carneiro.O PS venceu as eleições
regionais nos Açores tidas no domingo, elegendo 25 dos deputados à
Assembleia Legislativa Regional, mas um bloco de direita, numa eventual
aliança (no executivo ou com acordos parlamentares) entre PSD, CDS,
Chega, PPM e Iniciativa Liberal poderá funcionar como alternativa de
governação na região, visto uma junção de todos os parlamentares eleitos
dar 29 deputados (o necessário para a maioria absoluta).O PAN, que também elegeu um deputado, pode também viabilizar parlamentarmente um eventual governo mais à direita.Diversas
fontes contactadas pela Lusa reconhecem a existência de conversações
entre o PSD e outros partidos com vista a uma eventual viabilização de
um executivo de direita.André
Ventura, divulgaram alguns órgãos de comunicação social esta semana,
terá imposto quatro condições para a viabilização de um governo regional
liderado pelo PSD, sendo um dos pontos a participação social-democrata
no processo de revisão constitucional proposto pelo Chega.A
lei indica que o representante da República nomeará o novo presidente
do Governo Regional "ouvidos os partidos políticos" representados no
novo parlamento açoriano.