Rio e Montenegro disputam inédita 2.ª volta com polémica sobre lugares na reta final
17 de jan. de 2020, 10:24
— Lusa/AO Online
Na primeira volta, Rui
Rio foi o candidato mais votado com 49,02% dos votos expressos, seguido
do antigo líder parlamentar do PSD, que obteve 41,42% do total. O
vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais Miguel Pinto Luz ficou em
terceiro, com 9,55%, e fora da segunda volta.Nesta
última semana, as ‘transferências’ dos apoiantes de Pinto Luz para os
dois candidatos mais votados e as acusações mútuas de troca de apoios
por lugares marcaram a campanha.Os antigos
secretários-gerais do PSD Miguel Relvas e Matos Rosa, o antigo
vice-presidente Marco António Costa, os líderes das distritais de Lisboa
e de Setúbal, Ângelo Pereira e Bruno Vitorino, o vice-presidente da
Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, o deputado e presidente da
distrital da JSD de Lisboa, Alexandre Poço, ou o presidente da concelhia
do Porto, Hugo Neto, foram alguns ex-apoiantes do autarca de Cascais
que anunciaram o seu voto em Montenegro na segunda volta.Os
deputados Carlos Silva e Sandra Pereira, que apoiaram Miguel Pinto Luz
na primeira volta, também declararam apoio a Luís Montenegro.Em
sentido contrário, o ex-ministro Mira Amaral, o cientista Carvalho
Rodrigues e os deputados Ana Miguel Santos e Nuno Carvalho (que foram
cabeças de lista nas últimas legislativas em Aveiro e Setúbal,
respetivamente) passaram do apoio a Pinto Luz para a declaração de voto
no atual presidente e recandidato, Rui Rio.No
total do país, Rio teve mais 2.409 votos que Montenegro, mas os dois
candidatos menos votados somaram, em conjunto, mais 621 votos do que o
atual presidente.Mas o que ‘aqueceu’ esta
semana extra de campanha foram as trocas de acusações de que as
candidaturas andariam a oferecer lugares em troca de apoios e votos,
negadas por ambos e sem nomes em cima da mesa.No
discurso da madrugada eleitoral de domingo, Rio disse que todos os seus
votos tinham sido “por convicção” e assegurou que não tinha oferecido
nem iria oferecer quaisquer lugares, no que foi lido por Montenegro como
uma insinuação sobre a sua candidatura.Dois
dias depois, o antigo líder parlamentar fez questão de negar
“solenemente” tal prática e devolver a acusação à direção de Rui Rio,
mas sem apontar nomes."Eu acho de todo
impossível que isso esteja a acontecer sendo que eu ouço histórias do
lado de lá ao contrário, até ouço histórias esquisitas que nem vou aqui
dizer", respondeu Rio.“Eu quero dizer-lhe
olhos nos olhos: não aceito lições de seriedade do dr. Rui Rio, ele não é
mais sério do que eu”, retorquiu Montenegro, dizendo nada ter a
oferecer aos apoiantes a não ser “esperança e mudança”.Nesta
última semana, os dois candidatos tiveram apenas ações cirúrgicas de
campanha: ambos em Lisboa - que tinha sido ganha pelo candidato que não
passou à segunda volta. Rio esteve também em Braga, onde perdeu, e
Montenegro, em Santarém, distrito onde saiu derrotado por pouco na
primeira volta.Como últimas mensagens
políticas, Rio pediu uma vitória folgada, dizendo temer que se “o
resultado for do tipo 51-49” a oposição interna volte “a infernizar vida
do líder, a infernizar a direção nacional”.Já
Montenegro avisou que no sábado será “a última oportunidade” para os
que querem um PSD diferente, afirmando que o atual líder já disse que
“deixará tudo na mesma”. A polémica com o
PSD-Madeira - todos os votos da primeira volta na Região Autónoma foram
considerados nulos pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) por
discrepâncias com o caderno eleitoral oficial - vai manter-se, tendo a
estrutura regional decidido que não vai abrir as sedes para a segunda
volta, considerando que isso seria uma "humilhação" para os militantes
sociais-democratas do arquipélago.A
‘chave’ do resultado eleitoral voltará a estar, como habitualmente, nas
quatro maiores distritais do PSD: Porto, Lisboa, Braga e Aveiro
registam, por esta ordem, o maior número de militantes em condições de
votar, centralizando mais de 57% do total. No
passado sábado, Rui Rio ganhou em 13 distritos ou estruturas, incluindo
duas das maiores: Porto, Aveiro, Bragança, Guarda, Viana do Castelo,
Vila Real, Santarém, Faro, Beja, Portalegre, Évora, Açores e Europa.Já
Luís Montenegro venceu em seis: além da poderosa distrital de Braga,
venceu em Leiria, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa Área Oeste. Pinto
Luz saiu vencedor na Área Metropolitana de Lisboa (com Montenegro em
segundo) e em Setúbal, reclamando também vitória na Madeira, mas os
votos da Região Autónoma não foram contabilizados. Já
no círculo Fora da Europa os quatro militantes que votaram
repartiram-se igualmente por Rio e Montenegro, registando-se um empate.Para
o resultado de sábado, contará também o número de votantes, que no
sábado foram 32.082, num universo de 40.604 inscritos, uma taxa de
participação de 79%, a mais alta de sempre em percentagem em diretas,
apesar de ser a mais baixa em números absolutos de todas as eleições do
PSD em que houve disputa.Em 2018, Rui Rio derrotou Santana Lopes com 54,15% dos votos (22.728).