O anúncio foi feito à saída de uma audiência com o Presidente da República no palácio de Belém, em Lisboa.“Já vimos o suficiente do orçamento para propor à direção nacional o voto contra”, afirmou.Como
justificação, Rio apontou, por um lado, que se trata de “um orçamento
de continuidade que não tem uma estratégia de longo prazo” e considerou
que pode ficar ainda pior com as negociações à esquerda.“Pior,
muito pior, é aquilo que se ouve como revindicações do PCP e do BE. No
caso do PCP, pede mexidas na legislação laboral, quando precisamos de
apoiar as empresas, o emprego, o investimento”, afirmou.Rio
considerou que, se além da influência que já tem no Orçamento, o PCP
também a tiver noutras áreas da governação, o país terá “um Governo
socialista de forte influência comunista”.“Já
quase que não é uma geringonça, só falta ter ministros lá dentro também
(…) Aí o PS opta por governar com o PCP na sua plenitude para se
segurar de qualquer maneira do Governo e se a economia anda ou não anda
logo se vê, vai navegando à vista. Ou vai navegando à Costa”, ironizou.Questionado
porque optou por anunciar hoje em Belém o voto contra - depois de
receber críticas por não o ter feito na quinta-feira na reunião do grupo
parlamentar -, Rio respondeu com outra pergunta.“Se
calhar porque eu ontem de manhã estava a estudar o orçamento, quem lhe
diz que eu não estava ontem de manhã na sede a estudar o orçamento?”,
questionou.Sobre o conteúdo do documento,
Rio apontou falta de apoio para as empresas e lamentou a ausência de uma
solução para aliviar a carga fiscal sobre os combustíveis.Por
outro lado, criticou que o Governo não tenha aproveitado uma proposta
do PSD para que o IVA da restauração baixasse para taxa mínima durante
os dois anos e a inclusão de mais verbas para a TAP.“A TAP é agora o Novo Banco, de cada vez que há um Orçamento vêm mais mil milhões para a TAP”, apontou.Rui
Rio esteve acompanhado na audiência pelo vice-presidente Nuno Morais
Sarmento, pelo secretário-geral José Silvano e pelo presidente do
Conselho Estratégico Nacional (CEN) Joaquim Sarmento.O
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebe hoje todo os
partidos com representação parlamentar para audiências na sexta-feira,
na sequência da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para
2022, e “no contexto dos habituais encontros periódicos”.Depois do PSD, serão recebidos, por esta ordem, IL, Chega, Verdes, PAN, CDS-PP, PCP, BE e PS.Nos
últimos dias, Marcelo Rebelo de Sousa falou várias vezes sobre a
possibilidade de o Orçamento não ser aprovado - depois de BE e PCP
acenarem com a hipótese de ‘chumbo’ já na generalidade - e defendeu que
"a faca e o queijo estão nas mãos dos partidos", justificando que quis
ser preventivo ao avisar que uma rejeição do documento provavelmente
conduzirá a eleições antecipadas.A votação do Orçamento do Estado para 2022 na generalidade está agendada para 27 de outubro.