Ricardo Rodrigues rejeita acusações do Ministério Público
4 de ago. de 2022, 10:05
— Carolina Moreira
Em declarações à RTP/Açores, o autarca fala em “omissões” do Ministério Público e garante que se vai manter em funções. “A
única coisa que não é bem é condenar as pessoas antes de uma apreciação
por um juiz, isso não é razoável. O Ministério Público omitiu alguns
factos, não vou dizer que intencionalmente, mas omitiu alguns factos
para que a sua versão tenha consistência”, afirmou.Em causa está a
concessão da exploração de um espaço destinado à restauração a uma
associação constituída pelo irmão do presidente da autarquia, Luís
Rodrigues, e pelo marido da ex-vereadora socialista Nélia Guimarães.Nélia
Guimarães e o ainda vereador na autarquia Carlos Pimentel estão
igualmente acusados daqueles crimes pelo MP. O caso remonta a 2018,
quando a Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre a
concessão de um espaço de restauração construído pela Câmara de Vila
Franca do Campo, em São Miguel, à Associação Amigos de Vila Franca do
Campo.De acordo com o despacho, entre finais de 2017 e início de
2018, os quatro intervenientes “delinearam um plano” para que a
concessão do espaço de restauração da Rotunda dos Frades fosse
“assegurada” a Luís Rodrigues.Ricardo Rodrigues, Carlos Pimentel e
Nélia Guimarães são acusados de “crime de abuso de poderes”, que é
“sancionado com a pena acessória de perda de mandato” e do “crime de
prevaricação”.Já Orlando Guimarães e Luís Rodrigues são acusados do crime de prevaricação.O
MP entende que “não deverão ser aplicadas aos arguidos penas superiores
a cinco anos de prisão”, pelo que será “deduzida acusação perante o
tribunal singular” e rejeita acusar as entidades coletivas Associação
Amigos de Vila Franca e Nutriatlântico.O inquérito iniciado em 2018
surgiu na sequência de uma participação que o PSD fez junto do MP sobre a
concessão daquele espaço junto à rotunda dos Frades “a familiares de
membros” da maioria socialista do executivo municipal.Apesar das
acusações, Ricardo Rodrigues afirma que se vai “manter em funções”. “Eu
vou manter-me em funções, porque faz parte das regras. Nesta fase, isto
seria dizer que estava condenado e não é o caso. Se tivesse de tomar
alguma decisão nesse sentido, já a tinha tomado no início se visse que
os factos tinham alguma razão de ser”.Quanto à posição do PSD de
Vila Franca, o autarca socialista salienta que “a oposição faz o seu
trabalho, eu não tenho que criticar a oposição. Eventualmente, no lugar
deles não faria a mesma coisa, mas é o que é”.Questionado sobre se
tomaria a mesma decisão sobre a concessão, Ricardo Rodrigues disse que
“sim”. “O procedimento foi totalmente transparente”, reiterou.De
referir que o Açoriano Oriental tentou entrar em contacto com Ricardo
Rodrigues por várias vezes para obter uma reação a este processo, mas
até ao momento ainda aguarda resposta.