Ricardinho já com saudades, mas de “consciência tranquila” pelo legado deixado
20 de jan. de 2022, 15:38
— Lusa/AO Online
Em entrevista ao
‘podcast’ da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o ‘mágico’, por
seis vezes considerado o melhor jogador de futsal do mundo – 2010, 2014,
2015, 2016, 2017 e 2018 –, revelou que tem orgulho na tarefa “mais do
que superada” em Portugal.“Os atletas vão
ter agora ainda mais responsabilidade e muito mais respeito pela nossa
seleção, não vão olhar mais para a seleção do ‘quase’. Dá-me orgulho,
mas a ficha não cai completamente. Vou sentir saudades, mas saio de
consciência tranquila, porque dei o meu melhor em todos os jogos. Foi
uma tarefa mais do que superada, deixei legado a outros atletas, ajudei
muito, fui ajudado e as conquistas estão aí”, sublinhou o jogador.Ricardo
Filipe da Silva Duarte Braga, conhecido no mundo do futsal por
Ricardinho, foi instado a explicar o que levou ao seu anúncio de dizer
“até já” à equipa das ‘quinas’, apontando a um “desgaste mental” após a
grave lesão que sofreu, antes do Mundial.“A
decisão foi tomada com cabeça e coerência. O momento em que estava
também ajudou. Estava muito desgastado com o que aconteceu em França e
com a lesão. Sabia que ia dar o meu melhor para chegar àquele momento,
felizmente consegui chegar, mas o desgaste que tive para lá chegar
rebentou comigo psicologicamente”, contou.Como
tal, o jogador, que atua nos franceses do ACCS Paris, revelou que não
se “estava a divertir no lugar onde mais queria estar, que era a seleção
nacional”, e, depois do inédito triunfo, parou totalmente em novembro e
dezembro, nos quais nem treinou.“O que me
estava a dar desgaste era o estar concentrado e só focado naquilo, nos
treinos antes da competição. A competição todos queremos viver, mas
temos de nos preparar para lá estar. O meu desgaste era mental. Agora
dói olhar para ali, mas a confiança continua a ser a mesma”, referiu o
luso, natural do município de Gondomar.O
amigo Bruno Coelho herdou a sua camisola ‘10’ no Europeu2022, nos Países
Baixos, que teve hoje início e no qual Portugal vai procurar defender o
título conquistado em 2018, na Eslovénia, sendo que Ricardinho prometeu
uma despedida “em condições”.“Vamos fazer
uma despedida em condições, com os adeptos, e tentar fazer no Norte e
no Sul. É uma boa forma de agradecer a quem acompanhou o meu trajeto”,
expressou.Sobre a histórica vitória na
final do Mundial2021, frente à Argentina (2-1), Ricardinho assumiu que,
quando sofreu a grave lesão no joelho, sentiu que “as coisas acontecem
por alguma razão” e, como religioso, confiava que havia algo bom
guardado para ele.“Se, no Europeu, tocámos
o céu, no Mundial andámos nas nuvens a passear. Já tinha ganhado todos
os títulos por onde tinha passado e faltava-me esse para reconhecer que a
geração do Ricardinho conseguiu ganhar o Europeu e o Mundial. Nem a
sonhar, sonhas tão bonito. Foi metida a cereja no topo do bolo”, afirmou
o ex-‘capitão’ luso.Em relação ao futuro
da modalidade, Ricardinho considerou que, enquanto o futsal não estiver
presente nos Jogos Olímpicos, “vai faltar sempre um passo importante”, e
‘ofereceu-se’ para ajudar a FIFA a “levar e promover o futsal a todo o
lado do mundo”.“Já me disponibilizei para
que, quando terminar a minha carreira, que não vai faltar muito tempo,
ser ‘embaixador’ do futsal e viajar por todo o mundo, ir a todos os
países que não têm futsal e que têm essa vontade. Se a FIFA quiser dar
esse passo, gostaria de me disponibilizar a 100% para promover o futsal
em todo o mundo e os praticantes terem condições para chegar mais à
frente e jogar futsal a sério”, assegurou o ‘craque’.Ricardinho
notabilizou-se ao serviço do Benfica, ao qual chegou proveniente do
Miramar, em 2003/04, contando ainda com passagens pelos japoneses do
Nagoya Oceans, pelos russos do CSKA Moscovo e pelos espanhóis do Inter
Movistar, antes de ir para França.