Rewilding Portugal apresenta propostas para recuperação da serra da Estrela
Incêndios
6 de set. de 2022, 12:19
— Lusa/AO Online
“Os
incêndios estivais deste ano foram de uma gravidade sem precedentes e
tiveram severos impactos nos ecossistemas da serra, o que levará a uma
perda substancial do capital natural da região, se nada for feito de
imediato e com uma visão a longo prazo. A Rewilding Portugal apoia que
se crie uma paisagem mais resiliente ao fogo, mais funcional do ponto de
vista dos ecossistemas, e mais biodiversa e abundante em fauna e
flora”, referiu a associação em comunicado enviado à agência Lusa.A
Rewilding Portugal enviou uma proposta de medidas de restauro ecológico
urgentes a vários atores-chave do território e com responsabilidades na
matéria, incluindo as Câmaras Municipais da região da serra da Estrela,
o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Agência
Portuguesa do Ambiente.A proposta “inclui
intervenções a curto, médio e longo prazo com o fim de recuperar a serra
da Estrela e evitar que estes incêndios catastróficos se repitam no
futuro”.“Foram também incluídas medidas,
algumas das quais já utilizadas em situações semelhantes anteriormente,
que são desaconselhadas para uma efetiva recuperação da serra da
Estrela”, apontou.Entre as medidas que a
Rewilding Portugal aconselhou para implementação a curto prazo (antes do
final de 2022) destacam-se “o corte e disposição de madeira morta para
construção de paliçadas de prevenção de erosão, nomeadamente em zonas de
maior declive, e a realização de sementeiras de emergência para
prevenir a erosão dos solos e preservar a fauna sobrevivente”.É
também proposto intervir nas linhas de água afetadas “para estimular o
crescimento de vegetação ripícola e acelerar a recuperação destes
ecossistemas”, e “melhorar a captação de água na paisagem como prevenção
a futuros incêndios, com a construção de pequenas charcas e zonas de
alagamento na paisagem”.Quanto a medidas
para implementação a médio e longo prazo (a partir de 2023), a
coletividade destacou a manutenção e ampliação da rede de prevenção de
incêndios “através do aumento de herbivoria e reintrodução de
espécies-chave de herbívoros selvagens e semisselvagens, nomeadamente
cavalos (por exemplo de raça Garrana), veado e cabra-montesa e ainda
incrementar o número de corços”.Foi também sugerida a criação de um Plano Integral de Gestão Florestal para a serra da Estrela para a próxima década.A
Rewilding Portugal desaconselha, no entanto, medidas como campanhas de
plantação de árvores (alegando que a taxa de insucesso destas árvores é
altamente elevada) e a construção de barragens (dado que estas
estruturas têm impactos negativos ambientais, implicam grandes
alterações da paisagem e estão dependentes de fluxos de água constante
para as abastecer).A Rewilding Portugal “é
o principal parceiro da Rewilding Europe na área de rewilding do Grande
Vale do Côa e está a trabalhar em estreita colaboração com a Rewilding
Europe para alcançar o objetivo comum de tornar Portugal um lugar mais
selvagem”, segundo informação disponibilizada na sua página da internet.A
serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de
agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco)
e que foi dado como dominado no dia 13.O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.As
chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de
Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o
concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.No
dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o
PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos
territórios atingidos.A situação de
calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo
período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na
respetiva área geográfica”.