Revisão de estatutos das ordens trouxe limitações e tema está em aberto
10 de jan. de 2025, 12:01
— Mariana Espírito Santo/O Online
António Mendonça, ex-ministro das
Obras Públicas, Transportes e Comunicações que foi agora reeleito
bastonário para o quadriénio 2025-2028, reiterou que no mandato que
agora termina enfrentou "dificuldades bastante sérias" com o processo de
alterações aos estatutos das Ordens Profissionais, que os próprios
partidos consideraram que "não dignificou" o trabalho do parlamento pela
forma acelerada como decorreu."Houve um
consenso na Assembleia da República de que o assunto deveria ser
revisitado", recordou o bastonário, acrescentando que, dos contactos que
a ordem tem tido com alguns membros do Governo, isso está em aberto. Adiantou
ainda que "tem havido alguns contactos de ordens com as respetivas
tutelas, no sentido de definir as alterações estatutárias".Estas
alterações surgiram de uma "vontade política forte de alterar
substancialmente aquilo que era o quadro de enquadramento da ação das
ordens, reduzindo o seu papel de intervenção, particularmente na defesa
dos interesses, da qualidade, das competências, do papel de regulação
que as ordens têm".Para António Mendonça,
que também é presidente do Conselho Nacional das Ordens Profissionais,
"em vez de se aproveitar o período que era muito importante para
corrigir erros dos estatutos, certos 'bugs', contradições e dar mais
agilidade à intervenção das ordens, houve, em alguns casos, uma
limitação muito séria".Estas limitações verificaram-se mais em certas ordens do que outras, ressalvou.Foi
em outubro de 2023 que o parlamento aprovou as alterações aos estatutos
das ordens profissionais, em votação final global, com os votos
favoráveis da maioria da bancada socialista, num processo alvo de
bastantes críticas por parte das ordens. O
texto final alterava o regime jurídico da constituição e funcionamento
de 20 ordens profissionais, mas o Presidente da República acabou por
vetar os diplomas referentes a algumas ordens, nomeadamente dos
engenheiros, arquitetos, médicos, enfermeiros e advogados, que voltaram
depois a ser aprovados no parlamento em janeiro de 2024.Se
o tema for revisitado, a ordem estará preparada para enfrentar essa
situação, assegurou o bastonário, nomeadamente tendo em conta que já foi
feita uma "discussão bastante forte sobre a matéria".À
parte deste tema, o balanço do primeiro mandato do bastonário é
positivo, com o bastonário a destacar a criação de novas categorias de
membros da ordem, como de estudante, para os finalistas das instituições
de ensino, e dentro dos membros efetivos passam a existir as categorias
de economista sénior e conselheiro.Esta foi também a primeira vez, depois de 2010, que a ordem registou um saldo positivo de membros.Foi
ainda criada uma figura de economista emérito, na qual foram
distinguidas pessoas como Eduardo Catroga e Adriano Pimpão, e a ordem
vai introduzir o Conselho Emérito, de natureza consultiva, para discutir
questões relevantes da sociedade portuguesa.Este
debate, nomeadamente com eventos e conferências, traduz outra das
prioridades para o próximo mandato, para chamar a atenção para a
necessidade de ter um vetor estratégico forte, com o bastonário a
defender também que "a ordem pode ter um papel muito importante na
introdução de bom senso na sociedade".António
Mendonça foi reeleito bastonário da Ordem dos Economistas para o
quadriénio 2025-2028, após a lista única que liderou ter vencido as
eleições realizadas no início de dezembro.