Revisão da lei laboral volta a juntar CGTP e UGT 12 anos depois
Greve geral
Hoje 09:18
— Lusa/AO Online
O anteprojeto
de revisão da legislação laboral apresentado pelo Governo e que está a
ser discutido em Concertação Social, determinou a convocação da 11.ª
greve geral realizada em Portugal em 51 anos de democracia, a quinta a
juntar CGTP e UGT, o que não acontecia desde a paralisação conjunta de
27 de junho de 2013. A CGTP tem diversas
ações de luta agendadas em 15 distritos de norte e sul do país e também
nos Açores e na Madeira, que incluem concentrações, manifestações e
praça de greve, enquanto a UGT prevê acompanhar a mobilização em vários
piquetes de greve.Em entrevista à Lusa, o
secretário-geral da CGTP disse esperar uma "forte participação" na greve
geral convocada para a próxima quinta-feira, com "um impacto maior" na
saúde, educação e transportes e garantiu que os serviços mínimos “serão
respeitados”. Tiago Oliveira considerou ainda ser "uma falácia" a abertura negocial do executivo. Também
o secretário-geral da UGT disse que a greve geral "não vai falhar" e
manifestou-se "confuso" com a disponibilidade do Governo para negociar a
lei laboral, questionando se não haverá "intenção de provocar" a
central sindical para "uma rutura". Mário
Mourão disse ainda que vê o executivo "confortável" em levar a proposta
ao parlamento e indicou estar "muito longe" de um acordo com o Governo. No
que toca aos transportes, a circulação de comboios, barcos e autocarros
da Carris, em Lisboa, serão abrangidos por serviços mínimos durante a
greve geral de quinta-feira, mas o Metropolitano não terá serviço,
segundo decisões divulgadas hoje pelo Conselho Económico e Social (CES).Também
o Metro Mondego mantém a operação preliminar do ‘metrobus’ em Coimbra
na sua totalidade, mas reduz os serviços alternativos ao ramal da Lousã,
de acordo com o Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho. Na
saúde, os serviços mínimos que foram definidos incluem situações de
urgência, quimioterapia, cuidados paliativos e pensos, segundo a decisão
CES.A proposta, designada "Trabalho XXI",
foi apresentada em 24 de julho pelo Governo e já mereceu o 'rotundo
não' das centrais sindicais, que argumentam que é um "ataque" aos
direitos dos trabalhadores. Por outro lado, as confederações empresariais aplaudiram a reforma, ainda que digam que há espaço para melhorias. Após
o anúncio da greve geral, o Ministério do Trabalho entregou à UGT uma
nova proposta com algumas cedências, deixando, por exemplo, cair a
simplificação dos despedimentos nas médias empresas, mas mantendo o
regresso do banco de horas individual ou revogação da norma que prevê
restrições ao 'outsourcing' em caso de despedimento. O
executivo tem reiterado que "não está disponível para retirar toda a
proposta" e que quer manter as "traves mestras", ainda que esteja aberto
ao diálogo e vai dar "mais tempo" à UGT para analisar a nova proposta.
A ministra do Trabalho, Rosário Palma
Ramalho, já avisou que “não vai eternizar” a negociação na Concertação
Social, sendo que com ou sem acordo as alterações terão sempre que ser
debatidas e negociadas no parlamento.