Reunião extraordinária de MNE da UE na sexta-feira
Bielorrússia/Eleições
12 de ago. de 2020, 10:04
— Lusa/AO Online
“Vou convocar um Conselho extraordinário de
Negócios Estrangeiros para esta sexta-feira à tarde. Discutiremos
assuntos urgentes e abordaremos a situação no Mediterrâneo oriental, as
eleições presidenciais na Bielorrússia, bem como os desenvolvimentos no
Líbano”, anunciou Borrell numa publicação na sua conta oficial na rede
social Twitter.Apesar de a agenda
contemplar também as tensões entre Grécia e Turquia no Mediterrâneo
oriental e a situação no Líbano após as explosões que devastaram
Beirute, a reunião de sexta-feira – que, segundo fontes do Conselho, se
realizará por videoconferência - será marcada pela discussão em torno
das eleições presidenciais de domingo passado na Bielorrússia, após as
quais foram vários os pedidos, incluindo da Polónia, para que se
celebrasse uma reunião extraordinária dos chefes de diplomacia da UE
ainda antes do encontro informal agendado para 27 e 28 de agosto em
Berlim.Em cima da mesa estará a possibilidade de imposição de sanções, já equacionada na terça-feira pelos 27.Numa
declaração aprovada pelos 27 Estados-membros e divulgada pelo Alto
Representante da União Europeia para a Política Externa, a UE denunciou
que as eleições presidenciais não foram “nem livres nem justas” e
ameaçou adotar sanções contra os responsáveis pela violência exercida
contra manifestantes pacíficos.“As
eleições não foram nem livres nem justas. (…) Procederemos a uma revisão
aprofundada das relações da UE com a Bielorrússia. Poderá implicar,
entre outras, a adoção de medidas contra os responsáveis das violências
registadas, das detenções injustificadas e da falsificação dos
resultados das eleições”, anunciaram em comunicado os 27 países. A
declaração europeia, emitida pelo gabinete de Josep Borrel, Alto
Representante da UE para as Relações Externas, lamenta que, após o povo
bielorrusso “ter demonstrado o seu desejo pela mudança democrática”, as
eleições não tenham decorrido de forma transparente e que as autoridades
estatais tenham exibido “uma violência desproporcionada e inaceitável”.
“Para mais, informações credíveis de
observadores internos demonstram que o processo eleitoral não cumpriu os
parâmetros internacionais aguardados num país que participa na
Organização para a Segurança e Cooperação na Europa [OSCE]”, acrescenta.
A UE sublinha que a sua relação com a
Bielorrússia tinha melhorado desde a libertação dos presos políticos em
2015, mas alertou que estes vínculos “apenas podem piorar” caso não
existam progressos em temas como os direitos humanos ou o Estado de
direito. Na noite de domingo e na
segunda-feira, manifestantes da oposição que contestavam os resultados
eleitorais e forças policiais envolveram-se em confrontos em Minsk, com
um balanço de pelo menos um morto e perto de três mil detenções. Os
protestos alastraram a outras cidades do país. A
Comissão Eleitoral Central bielorrussa informou na segunda-feira que o
Presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, obteve 80,23% dos
votos, que lhe permite cumprir um sexto mandato presidencial
consecutivo, um resultado rejeitado pela oposição. A
candidata da oposição unificada, Svetlana Tikhanovskaia – contemplada
com 9,9% dos votos e que optou por se refugiar, na terça-feira, na
vizinha Lituânia –, denunciou um escrutínio falsificado.“As
autoridades devem refletir na forma como nos devem ceder o poder.
Considero-me vencedora”, sugeriu a candidata de 37 anos, que
protagonizou a sua primeira experiência política.