Retorno das greves é “péssimo sinal para os portos”

2 de jan. de 2023, 18:00 — Lusa/AO Online

“A Agepor vê com grande apreensão o retorno das greves aos portos portugueses”, lê-se na mesma nota, que recordou que “recentemente ocorreu uma greve dos pilotos das barras e agora é a vez dos trabalhadores das Administrações Portuárias”.“São greves com natureza diferente das que foram protagonizadas pelos estivadores – com essencial impacto no porto de Lisboa – durante anos a fio”, realçou a entidade, considerando que ainda assim “não deixam de ser um péssimo sinal para os portos”.De acordo com a Agepor, “os armadores internacionais e os armadores nacionais vão ser afetados por estas novas perturbações e corre-se o risco de gradualmente ver os portos portugueses conotados como locais de frequente conflitualidade laboral”.“Sabemos que se vive um momento particular em que a inflação, a alteração das perspetivas económicas, e outros fatores políticos, contribuem para um maior potencial de conflitualidade”, destacou a Agepor, reconhecendo que “há algumas matérias em causa que são delicadas e de muito difícil solução” e “que há expectativas a ter em conta”.“Mas o que esperamos é que os diferendos existentes possam ser rapidamente superados”, destacou, apelando a “soluções imaginativas”.“Os impactos das greves não são apenas os prejuízos imediatos que causam a muitos, incluindo às partes e a toda a comunidade portuária. Mais do que isso as greves matam o futuro dos portos”, lamentou a Agepor.O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP) convocou uma greve de vários dias, que começou em 22 de dezembro e se prolonga até 30 de janeiro e abrange os portos do continente, Madeira e Açores.De acordo com o documento enviado ao Governo, secretarias regionais e administrações portuárias, os trabalhadores dos portos do continente e da Madeira vão estar em greve "das 00:00 do dia 22 de dezembro até às 24:00 do dia 23 de dezembro", "das 00:00 do dia 27 de dezembro até às 24:00 do dia 29" e "das 00:00 às 24:00 dos dias 02, 06, 09, 13, 16, 20, 23, 27 e 30 de janeiro".O sindicato acusa as administrações portuárias de "ausência total de disponibilidade" para dialogar sobre a proposta de revisão salarial para 2023, tendo o SNTAP feito "vários pedidos de reunião" que ficaram sem resposta, "nomeadamente por parte das administrações de Sines e de Lisboa".Os representantes dos trabalhadores apontam ainda a "subsistência de graves situações" de violação da legislação e do acordo coletivo de trabalho em vigor, incluindo um caso que classifica como "assédio laboral" a um trabalhador do porto de Sines.