"Restrições às viagens vão perder eficácia para conter Ómicron"

Covid-19

2 de dez. de 2021, 17:40 — LUSA/AO Online

“Dado o número crescente de casos e grupos [de infeções relacionadas com a Ómicron] na UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] sem historial de viagens ou sem contacto com casos relacionados com viagens, é provável que nas próximas semanas a eficácia das medidas relacionadas com viagens venha a diminuir significativamente”, assinala o ECDC num relatório hoje publicado.Por isso, “os países devem preparar-se para uma rápida e ponderada retirada de tais medidas”, aconselha a agência europeia num documento com uma atualização da avaliação de risco relativamente a esta estirpe, considerada de preocupação.A agência europeia estima, com base no pressuposto de que já foram importados casos para muitos países da UE/EEE, que “os encerramentos de fronteiras ou proibições de viagem provavelmente só irão atrasar o impacto da nova variante em termos de número de casos e hospitalizações nos países em duas semanas, no máximo”.Os cálculos surgem numa altura em que muitos países europeus suspenderam as ligações aéreas com vários países da África Austral (como Moçambique), dada a deteção inicial da Ómicron na África do Sul e a propagação na região.De momento, de acordo com dados do ECDC, existem 70 casos confirmados em 13 países da UE/EEE, a maioria dos quais com historial de viagens para países da África Austral, tendo alguns efetuado voos de ligação para outros destinos entre África e a Europa.O centro europeu defende que “as medidas temporárias relacionadas com viagens devem ser cuidadosamente consideradas à luz da situação epidemiológica mais recente e devem ser revistas regularmente à medida que surjam novas provas”.“Tais medidas podem incluir o teste e quarentena de viajantes que regressaram recentemente dos países afetados e a sequenciação de casos identificados entre os viajantes”, sugere.Segundo o ECDC, os países europeus – sobre os quais recaem as competências na área da saúde – devem adotar “uma abordagem em várias camadas para atrasar a propagação” face às áreas com transmissão comunitária conhecida ou em que a situação epidemiológica não é clara.Isto passa, de acordo com o centro europeu, por exigir que passageiros que regressam dessas áreas apresentem teste negativo na partida e, quando possível, se submetam a nova testagem à chegada.Passa, ainda, por quarentena mínima de sete dias e, idealmente, de 14 dias após a chegada, com a necessidade de teste negativo após este tempo, um isolamento que poderia ser estendido aos membros do agregado familiar.Relativamente aos vacinados, o ECDC adianta que “a prova de vacinação não está isenta de testes e quarentena devido à incerteza sobre a eficácia das vacinas atualmente disponíveis contra esta variante de preocupação”. Ainda à luz da Ómicron, a agência europeia sustenta no relatório que “uma abordagem mais cautelosa em relação à classificação dos contactos nos aviões poderia ser considerada em relação à situação atual”, passando a “considerar todos os passageiros e membros da tripulação de cabine que viajaram num voo com um caso confirmado ou provável como exposição de alto risco”.