Restauração não teve tempo para abandonar os plásticos nas festas do Santo Cristo
29 de mai. de 2019, 13:35
— Lusa/AO Online
Em nota de imprensa enviada em 15 de maio, a
autarquia avançava que, durante o período em que decorrem as maiores
festividades religiosas da ilha de São Miguel, entre 24 e 30 de maio,
“nos espaços de venda de comida e bebida concessionados pela organização
das festas e dispostos na Avenida Kopke e no Largo Dr. Manuel Carreiro,
vão ser utilizados apenas artigos de papel e biodegradáveis”.Mas,
confrontados com a medida a pouco mais de uma semana do início das
festas, os profissionais da restauração tiveram dificuldades em dar
seguimento ao anúncio divulgado pela Câmara.“Fomos
chamados à atenção por causa dessa ação de sensibilização para o
plástico e decidimos começar já nas festas do Santo Cristo, só que, ao
fim de contas, isso foi uma decisão uma semana e meia antes das festas e
o facto é que o mercado não estava preparado”, lamenta João Paulo
Costa, proprietário do restaurante Aroma das Ilhas, que tem um espaço no
Largo Dr. Manuel Carreiro.O responsável
explicou à Lusa que, dos cerca de dez mil pratos descartáveis que
comprou para garantir o serviço, à volta de 4.500 são de materiais
biodegradáveis, ressalvando que conseguiu garantir artigos
biodegradáveis para servir café, usando copos de cartão e palhetas de
madeira.João Paulo Costa elogia, no
entanto, as condições oferecidas pela autarquia para a separação de
lixo, que garantem que todos os materiais são separados de forma
adequada.O cenário traçado por João
Pereira, dono do restaurante José do Rego, é semelhante, tendo o
empresário adiantado que conseguiu assegurar que 70% do material
utilizado para servir durante as festas do Senhor Santo Cristo dos
Milagres fosse biodegradável.Esse material “não vai chegar até ao fim das festas, porque já não conseguimos comprar em mais lado nenhum”, assegurou.Para
garantir que os 30% de plástico que estão a ser usados são encaminhados
para o sítio certo, como os copos de cerveja, por exemplo, têm uma
pessoa responsável pela separação dos materiais.Vinda
de Évora, Francisca Garcia, responsável pelo restaurante O Lampião,
traz consigo a loiça com que garante 70% do serviço durante as festas e a
máquina para a lavar, recorrendo a utensílios descartáveis apenas para
servir sobremesas e entradas.“Se as pessoas começarem a usar loiça, acaba-se com o plástico”, considerou.Ainda
assim, admite que “as pessoas não estavam preparadas”, já que “não é
com 15 dias de distância de um serviço que se consegue adaptar, numa
ilha, ainda por cima”.Para Francisca
Garcia é preciso, antes de mais, “arranjar alternativas de qualidade” e
lamenta que a “loiça biodegradável, que não se desfaça, custe muito
dinheiro”.A solução para acabar com os
plásticos de uso único é simples, considerou: “para nós não usarmos, tem
que deixar de ser vendido”.Já para David
Marques, que vende doces e licores de ginja, o plástico nunca foi um
grande problema, uma vez que serve, essencialmente, em copos de
chocolate, de vidro ou de barro, no caso dos licores, e os doces vêm
embrulhados em papel.Mas, para o pouco
plástico que usa, não há ainda soluções, como no caso dos licores, que
são servidos numa “dosagem que, neste momento, não permite trocar o copo
de plástico pelo de cartão”, por não existirem no mercado.