Representante da República lamenta "possível mal-entendido" com Governo dos Açores
Covid-19
31 de mar. de 2020, 15:06
— Lusa/AO Online
Na segunda-feira, uma fonte do gabinete de
Pedro Catarino manifestou à agência Lusa disponibilidade para considerar
uma eventual proposta de limitação da entrada de passageiros na região,
à semelhança do que acontece na Madeira, face à pandemia da covid-19.A
mesma fonte referiu que, até àquele momento, não havia sido feito
qualquer pedido do Governo dos Açores neste sentido, no âmbito dos
contactos entre ambas as partes.Posteriormente,
o chefe do executivo regional, Vasco Cordeiro, endereçou uma missiva a
Pedro Catarino, divulgada também à imprensa, considerando as declarações
da fonte do gabinete do representante para a República como
“absolutamente lamentáveis” e um “insulto” ao trabalho do executivo dos
Açores.“Se a questão que, para o gabinete
de vossa excelência, impede a medida que se impõe há já 16 dias, é a
ausência de um pedido do Governo dos Açores feito diretamente a vossa
excelência, aqui fica ele formulado, para além dos já formulados ao
senhor primeiro-ministro, por carta, e à Assembleia da República", lê-se
na carta.O líder do Governo dos Açores
considerou que se estava perante um insulto “porque limitações de
entrada de passageiros nos Açores por via aérea já existem, e existem
apenas em virtude das medidas tomadas pelo Governo dos Açores”, que
deliberou a suspensão das ligações aéreas da Azores Airlines e SATA Air
Açores.Além disso, o executivo havia já
pedido que fossem suspensas todas as ligações aéreas com o exterior da
região, incluindo dos aeroportos nacionais, tendo este pedido “sido
recusado”.A TAP continua a fazer voos entre o continente português e as ilhas de São Miguel e Terceira.Esta terça-feira,
Pedro Catarino sublinha que o seu colaborador contactado pela Lusa "foi
instruído para dizer que o representante da República não estava em
posição de comentar decisões tomadas em relação à Madeira".Quanto
aos Açores, ao representante da República "nunca fora solicitada" uma
pronúncia "sobre a matéria e até isso suceder abster-se-ia de emitir
qualquer juízo", diz a nota do responsável.E prossegue: "Lamenta-se, assim, o possível mal-entendido".Pedro
Catarino diz ainda que "procurou sempre veicular aos órgãos de
soberania da República, de forma clara e objetiva, as posições assumidas
pelos órgãos do governo próprio da região e os sentimentos da sociedade
açoriana em relação a essas posições". O
representante advoga que tem também apoiado "todas as propostas do
Governo Regional, impostas por razões de ordem sanitária, para a
restrição da circulação das pessoas".O
texto de Pedro Catarino termina com elogios à "forma exemplar como se
têm desenrolado as relações institucionais que tem mantido diariamente
com o Governo Regional e a cooperação entre os serviços regionais e os
serviços do Estado", o que "tem permitido uma luta até agora eficaz
contra a propagação" da covid-19.