Representante da República defende participação do executivo açoriano no Conselho de Ministros
10 Junho
11 de jun. de 2025, 08:54
— Lusa/AO Online
“Uma participação do
presidente do Governo Regional em reuniões do Conselho de Ministros,
com uma regularidade pré-estabelecida, seria, na minha opinião, um passo
na boa direção”, afirmou Pedro Catarino, no discurso das comemorações
do Dia de Portugal em Angra do Heroísmo.Entre
as questões que “merecem uma atenção conjunta muito particular”,
destacou o mar, as finanças regionais e as áreas da segurança e defesa.O
representante da República sublinhou que “a unidade do Estado e a
autonomia da região coexistem e são perfeitamente conciliáveis”.“Sempre
pugnei para que sejam reforçados, em termos efetivos, o diálogo e a
consulta mútua entre o Governo Regional e o Governo da República, não só
para a consecução dos interesses da região, mas também para a definição
das políticas nacionais”, apontou.A
terminar o terceiro mandato no cargo, Pedro Catarino disse que sempre
procurou que o exercício das suas responsabilidades fosse “prudente e
ponderado, salvaguardando os interesses do país e da região”.“Nunca
deixei de ouvir a voz dos açorianos e nunca deixei de consultar os
órgãos de poder regionais e procurei sempre favorecer e advogar os
interesses da região, convencido de que estava assim a favorecer os
interesses do país no seu todo”, assegurou.Nestes anos, acrescentou, manteve “uma relação correta, cordial e cooperante” com os órgãos de poder próprio dos Açores.“Procurei
nunca interferir no exercício das suas competências e
responsabilidades, dentro do princípio autonómico de autogoverno,
consagrado na Constituição. Evitei sempre criticar ou comentar as suas
opções políticas ou a expressão das suas opiniões”, salientou.Num
discurso com um grande destaque para a guerra, Pedro Catarino frisou
que a nova ordem internacional a nível europeu “resultará da forma como
terminar o conflito da Ucrânia”, acrescentando que “a paz na Europa
deixou, infelizmente, de ser tida como um facto adquirido”.A
União Europeia, defendeu, “não tem outra alternativa, perante as suas
presentes vulnerabilidades e insuficiências e a atitude americana, senão
reforçar a sua capacidade de defesa coletiva e dotar-se dos meios
necessários para assegurar por si a sua autonomia estratégica”.“Relativamente
aos Açores, o novo contexto e as novas ameaças, vêm pôr em foco a
importância estratégica do arquipélago e o seu papel relativo à
segurança internacional e será, na minha opinião, oportuno que estas
questões sejam objeto de uma atenção especial por parte dos governos
nacional e regional e de um novo olhar por parte de Portugal e dos seus
aliados da NATO [aliança atlântica] e da UE [União Europeia]”, alertou.Catarino,
que foi embaixador de Portugal nos Estados Unidos, entre 2002 e 2006,
considerou que os Açores constituem o elo mais relevante na relação
bilateral entre os dois países e que tudo deve ser feito para que assim
continue.“É essencial que possamos
reforçar a vigilância de uma extensíssima zona marítima com a cooperação
americana e que tenhamos uma presença que seja afirmação da nossa
soberania. Necessitamos, por isso, de infraestruturas modernas e
adequadas e de recursos humanos qualificados para que possamos
desempenhar as nossas responsabilidades”, frisou.Na
sua opinião, deve ser ponderado o reforço dos meios militares nos
Açores e, ao mesmo tempo, devem ser desenvolvidas “diligências
diplomáticas para que a NATO e a UE se possam constituir parceiros”
desse esforço.Pedro Catarino defendeu que
devem ser “apoiadas com o maior vigor” iniciativas como o Atlantic
Centre, cuja sede deve ser transferida para a ilha Terceira, como
previsto, “para que lhe seja dado um novo impulso que se afigura bem
necessário”.Destacou ainda o “importante
papel” dos Açores no setor espacial, propondo que o recente consórcio
das três maiores empresas europeias na área da defesa para lançamento de
foguetões e colocação de satélites no espaço seja atraído para a ilha
de Santa Maria.