Representante da República alerta para consequências de nova crise política na região
20 de fev. de 2024, 18:18
— Lusa
“Cabe
agora à Assembleia Legislativa apreciar o Programa do novo Governo
Regional e decidir sobre o futuro deste. Estou convicto de que os
partidos representados no parlamento açoriano – cientes das
consequências profundamente negativas de uma nova crise política –
estarão à altura das responsabilidades que os eleitores lhes confiaram e
saberão, em cada momento, tomar as opções mais adequadas”, afirmou.Pedro
Catarino falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, depois de ter
ouvido todos os partidos com assento parlamentar nos Açores, tendo
decidido indigitar o presidente do PSD/Açores e da coligação
PSD/CDS/PPM, José Manuel Bolieiro, como presidente do Governo Regional.A
coligação PSD/CDS/PPM venceu as eleições regionais, no dia 04, com
43,56% dos votos, mas elegeu 26 dos 57 deputados da Assembleia
Legislativa, precisando de mais três para ter maioria absoluta.O PS, que elegeu 23 deputados, e o BE, que elegeu um, já anunciaram que votariam contra um Programa do Governo da coligação.O
Chega, que elegeu cinco deputados, fez depender o seu voto do conteúdo
do documento e da composição do executivo, e IL e PAN, que elegeram um
deputado cada, remeteram a decisão para depois de conhecerem o
documento.O Representante da República
salientou que a estabilidade política é uma responsabilidade exclusiva
dos partidos com assento na Assembleia Legislativa.“Não
é ao Representante da República que cabe promover acordos entre
partidos políticos ou compor soluções governativas particulares, ainda
que em busca de uma desejável governabilidade e de maior estabilidade
política. Essa é uma responsabilidade exclusiva dos próprios partidos
representados na Assembleia Legislativa, que a ausência de maioria
absoluta apenas poderá reforçar”, apontou.Pedro
Catarino lembrou ainda que o sistema de governo regional “tem a
abertura suficiente para acomodar soluções governativas de maioria
relativa, como já sucedeu na história autonómica e como aquela que agora
se prefigura”.Em 2020, o PS venceu as
eleições, sem maioria absoluta, mas foi indigitado como presidente do
Governo Regional o líder do PSD/Açores, que formou uma coligação
pós-eleitoral com o CDS-PP e PPM e assinou acordos de incidência
parlamentar com Chega e IL, que lhe garantiam 29 dos 57 deputados da
Assembleia Legislativa dos Açores.O
representante da República ressalvou que, “ao contrário do que sucedeu
em 2020, não foi formada numa coligação pós-eleitoral” e “não foi
firmado nenhum acordo de incidência parlamentar com o objetivo de
permitir às forças com maior representação na Assembleia Legislativa
alcançar a fasquia dos 29 deputados”.Segundo
Pedro Catarino, todas as forças políticas “reconhecem à coligação
vencedora o direito a formar governo” e “existe um amplo consenso de que
é imprescindível promover um diálogo construtivo entre a coligação e os
demais partidos políticos, no sentido de permitir a governabilidade e a
estabilidade política”.“Relativamente ao
Programa do Governo, com exceção do PS e do Bloco de Esquerda, todos os
restantes partidos políticos manifestaram abertura para proceder à sua
análise e eventual viabilização”, vincou, acrescentando que “todas as
forças políticas admitem analisar, caso a caso, as propostas futuramente
apresentadas pela coligação”.De acordo
com o número 1 do artigo 81.º do Estatuto Político-Administrativo dos
Açores, “o presidente do Governo Regional é nomeado pelo representante
da República, tendo em conta os resultados das eleições para a
Assembleia Legislativa, ouvidos os partidos políticos nela
representados”.O chefe do executivo regional tomará posse perante a Assembleia Legislativa, cuja instalação está marcada para quinta-feira.As
eleições regionais nos Açores foram antecipadas para 04 de fevereiro na
sequência do chumbo do orçamento para 2024, com os votos contra de PS,
BE e IL e a abstenção de Chega e PAN.