Relatório propõe salário mínimo anual de 30 mil € para imigrantes no Reino Unido pós-Brexit
28 de jan. de 2020, 12:57
— Lusa/AO Online
Atualmente, os
imigrantes de fora da União Europeia (UE) candidatos a vistos de
trabalho de cinco anos precisam ter um salário mínimo de 30 mil libras
(35,5 mil euros).O presidente da Comissão
Consultiva sobre Migração, Alan Manning, disse no relatório publicado
esta terça-feira que existem opiniões divergentes sobre o tema, entre empresas que
não gostam de níveis mínimos porque estes agravam os custos com a mão de
obra, e aqueles preocupados com o risco de as empresas contratarem
imigrantes porque são mais baratos. O
valor proposto, vinca Manning, "significa que a maioria dos empregadores
poderá contratar imigrantes pagando salários que muitos dos
trabalhadores existentes nessas profissões já recebem". O
relatório propõe que seja necessário aos imigrantes qualificados
receberem uma proposta de emprego para se candidatarem a um visto de
trabalho, mas que exista flexibilidade para profissões mais bem
remuneradas e com salários mais altos, enquanto que professores,
profissionais de saúde ou recém-licenciados poderão beneficiar de
patamares mais baixos.O estudo da Comissão
foi feito a pedido do governo britânico, que quer introduzir a partir
de 2021 um novo sistema de imigração, descrito como um "sistema de
pontos estilo australiano", e que vai restringir a entrada de cidadãos
europeus.Após a saída do Reino Unido da
UE, na sexta-feira, começa um período de transição de 11 meses, após o
qual termina a liberdade de circulação de europeus que existe atualmente
e que permite que se instalem no país sem visto de trabalho prévio e
sem necessidade de autorização de residência.O
governo britânico quer implementar um novo sistema de imigração para
controlar o fluxo migratório, que até agora só podia fazer relativamente
aos profissionais extracomunitários. "Comparado
ao que aconteceria com a continuação da livre circulação, esperamos que
as mudanças reduzam os níveis de imigração, o tamanho da população do
Reino Unido e o Produto Interno Bruto (PIB) total", lê-se no relatório
publicado hoje.Por outro lado, os autores
também estimam um ligeiro aumento do rendimento per capita, melhorias
nas finanças públicas e menos procura dos serviços de saúde, escolas e
habitação social.A deputada dos Liberais
Democratas, Christine Jardine, salientou a dificuldade acrescida que vai
existir para recrutar professores, enfermeiros e médicos, e o impacto
que as alterações vão ter para o apoio social e para os "custos enormes e
burocracia para milhares de empresas britânicas". Mas
Manning refere no relatório que "os pequenos impactos" estão de acordo
com o que já tinha sido antecipado num relatório publicado em 2018,
citando que "a migração no EEE como um todo não teve os grandes efeitos
negativos reivindicados por alguns nem os benefícios claros
reivindicados por outros".