Relação condena António Joaquim a 25 anos de prisão pelo homicídio de Luís Grilo
8 de set. de 2020, 17:46
— Lusa/AO online
A decisão, que teve
como relatores o juiz desembargador José Adriano e o juiz adjunto Vieira
Lamin, alterou assim a matéria de facto, dando razão ao recurso
apresentado pelo Ministério Público que contestou a absolvição de
António Joaquim.O acórdão do Tribunal da
Relação de Lisboa, divulgado hoje, condena o arguido António Joaquim a
"um crime de homicídio qualificado e agravado, em coautoria com a
arguida Rosa Grilo", a uma pena de 24 anos, condenando-o ainda de um
crime de profanação de cadáver a uma pena de um ano e 10 meses de
prisão.Neste acórdão, que reverte a
decisão de primeira instância do Tribunal de Loures, António Joaquim foi
ainda condenado a uma pena de dois anos de prisão por posse de arma
proibida.Do resultado em cúmulo jurídico, o
arguido António Joaquim vai ser sujeito à aplicação da pena de 25 anos
de prisão, pena máxima prevista na legislação portuguesa.No
mesmo acórdão, os juízes do Tribunal da Relação de Lisboa consideraram
"improcedente o recurso interlocutório" apresentado pela arguida Rosa
Grilo, confirmando a decisão de primeira instância do Tribunal de
Loures, que a condenou a 25 anos de prisão pelo homicídio do marido.A
advogada de Rosa Grilo, Tânia Reis, em declarações à TVI24, afirmou que
a sua cliente vai recorrer desta sentença para o Supremo Tribunal de
justiça."Iremos com certeza
apresentar recurso. Do que já analisámos, assim muito por alto, foi dado
provimento parcialmente ao recurso apresentado pelo Ministério Público,
que veio a condenar aqui António Joaquim também a 25 anos de prisão,
basicamente com os mesmos fundamentos que nós também evocamos no recurso
da decisão final", afirmou.Tânia Reis
sublinhou que o recurso interlocutório apresentado pela sua cliente se
baseava também, tal como o do Ministério Público, na alteração da
matéria da acusação."Ainda há muito
caminho. Ainda estamos no primeiro recurso. Nós temos o Supremo, temos o
Constitucional, ainda temos oportunidade de chegar ao Tribunal Europeu.
Mas estou certa de que agora o Supremo mandará repetir o julgamento.
Para mim, o mais justo teria sido, sem dúvida nenhuma, a renovação da
instância, que foi também aquilo que nós requeremos, mas,
infelizmente, não nos foi dado provimento", acrescentou.A Lusa tentou entrar em contacto com os advogados dos arguidos António Joaquim e Rosa Grilo, mas sem sucesso.Em
03 de março, na leitura do acórdão, que decorreu no Tribunal de Loures,
distrito de Lisboa, o tribunal de júri (além de três juízes, foram
escolhidos quatro cidadãos - jurados) condenou Rosa Grilo a 25 anos de
prisão pelo homicídio do marido, profanação de cadáver e detenção de
arma proibida, enquanto António Joaquim foi condenado a dois anos de
prisão com pena suspensa por detenção de arma proibida.Neste
âmbito, o Ministério Público recorreu da absolvição de António Joaquim,
amante de Rosa Grilo, da acusação do crime de homicídio.António
Joaquim e Rosa Grilo, que mantinham uma relação extraconjugal, estavam
acusados da coautoria do homicídio de Luís Grilo em julho de 2018, na
sua casa nas Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de
Lisboa.Na acusação, o Ministério Público
atribuiu a António Joaquim a autoria do disparo, na presença de Rosa
Grilo, no momento em que o triatleta dormia.Contudo,
durante o julgamento, o tribunal de júri procedeu à alteração não
substancial de factos, atribuindo à arguida a autoria do disparo.O
crime terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e
beneficiarem dos bens da vítima - 500.000 euros em indemnizações de
vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias
tituladas por Luís Grilo, além da habitação.Em
setembro de 2018, Rosa Grilo ficou em prisão preventiva, onde
permaneceu até ao fim do julgamento, enquanto António Joaquim, que foi
sujeito a igual medida de coação, foi posto em liberdade em 06 de
dezembro de 2019, após o coletivo de juízes ter aceitado um requerimento
apresentado pela defesa a pedir a revogação da medida de coação mais
gravosa.Nas alegações finais do
julgamento, o procurador do Ministério Público, Raul Farias, defendeu
perante o tribunal de júri penas de 20 anos e meio de cadeia para os
arguidos, sustentando que ambos planearam, delinearam e executaram um
plano com vista a matar a vítima.