Rejeitada queixa de bastonária contra enfermeira-diretora do hospital São João
27 de jan. de 2020, 12:58
— Lusa/AO Online
Ana
Rita Cavaco queixou-se de que Maria Filomena Cardoso a tentou agredir
durante uma reunião que, em julho de 2017, juntou também o então
presidente do Hospital de São João, António Oliveira Silva, e três
outros administradores (José Carvalho Paiva, Ilídio Matos Pereira e Luís
Porto Gomes), mas Ministério Público recusou fundamento à queixa, numa
tese agora confirmada em sede de instrução.“A senhora juíza decidiu pela não pronúncia”, afirmou a fonte do tribunal.Contactada pela agência Lusa, a defesa da bastonária Ana Rita Cavaco escusou-se a tecer quaisquer considerandos.A
instrução, uma espécie de pré-julgamento, é uma fase processual
facultativa que pode ser requerida por qualquer um dos arguidos ou
assistentes e que visa decidir se o caso segue ou não para julgamento. No
debate instrutório, em que as partes defenderam os seus argumentos
perante a juíza de instrução, a defesa de Maria Filomena Cardoso e o
Ministério Público insistiram na tese que fundamentou o arquivamento dos
autos: por os testemunhos recolhidos serem contraditórios, aconselhando
a aplicação do princípio 'in dubio pro reo' - na dúvida favoreça-se o
arguido.Já o advogado de Ana Rita Cavaco
admitiu, conforme constatou na ocasião a agência Lusa, que a
enfermeira-diretora se limitou, num primeiro momento da reunião, a dar
um murro na mesa a erguer o dedo em riste, mas acrescentou que, pouco
depois, o próprio presidente do hospital teve de a agarrar.Os
factos associados a este processo levaram Ana Rita Cavaco a escrever
uma carta ao então ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, na
qual pedia a demissão da enfermeira-diretora do hospital São João,
alegando que Maria Filomena Cardoso a tentou agredir e que devia ser
demitida por, alegadamente, prejudicar as suas funções no hospital por
causa de um doutoramento que a levaria a “várias e longas ausências ao
serviço”.Na carta, datada de 04 de julho
de 2017, a bastonária escreveu que “a agressão (…) por parte da referida
enfermeira-diretora, apenas foi evitada pela rápida intervenção do
senhor presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar”.Três
dias depois, o Conselho de Administração do Hospital de São João emitiu
um comunicado-resposta, que já não está disponível no ‘site’
hospitalar, em que Ana Rita Cavaco era acusada de “mentirosa” e de ter
uma “personalidade narcísica a quem os espelhos não mostram a
realidade”.Ao contrário do sucedido no
caso da suposta agressão da enfermeira-diretora à bastonária, o teor
deste comunicado levou a 2.ª secção do Departamento de Investigação e
Ação Penal (DIAP) do Porto a validar as queixas de Ana Rita Cavaco por
alegada difamação, optando por acusar os quatro antigos gestores do
hospital.Queixa de sentido contrário corre noutra secção do DIAP/Porto.