Reitores concordam com vagas mas pedem ensino superior nas periferias
3 de abr. de 2023, 17:46
— Lusa
Para o CRUP, o despacho
que define as novas regras de fixação de vagas de acesso ao ensino
superior é “positivo”, apontando como boas medidas o aumento de vagas
para os maiores de 23 anos ou a criação de um contingente especial para
os alunos mais carenciados.Segundo o
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), todas as
Instituições de Ensino Superior (IES) aderiram de forma voluntária ao
novo programa para os alunos mais pobres.Esta
é a “primeira vantagem do despacho”, que permitirá o acesso de “alunos
de famílias carenciadas, que são o grupo social mais sub-representado no
ensino superior português”, defendeu o presidente do CRUP, António
Sousa Pereira. “São passos muito positivos
dados pela ministra Elvira Fortunato e pelo secretário de Ensino
Superior, Pedro Teixeira”, afirmou o também reitor da Universidade do
Porto.No entanto, o presidente do CRUP
entende que “fica a faltar enfrentar aquele que é, neste momento, o
principal problema em Portugal de acesso de jovens ao ensino superior: a
periferia das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, onde é óbvia a
falta de ensino superior público”.António
Sousa Pereira aponta a região Tâmega-Sousa e a zona norte da Área
Metropolitana de Lisboa como as regiões com menos oferta.“Quer
nos municípios à volta de Penafiel e de Paços de Ferreira, quer em
Sintra e na coroa norte da Área Metropolitana do Lisboa, que são alguns
dos concelhos mais jovens do país, não existe ensino superior para
aquele 'stock' de estudantes que termina o secundário”, lembrou.Para
o reitor, o próximo desafio das IES é “levar o ensino superior aos
territórios do país onde vivam mais alunos, independentemente de esses
territórios ficarem no interior ou no litoral”.Ainda
sobre o despacho que fixa vagas, o presidente do CRUP saudou o facto de
continuar “a proteger as IES no Interior”, onde há menor pressão
demográfica e menos procura, e permitir “abrir mais vagas nas áreas em
que o país mais precisa”, como é o caso dos cursos que concentram os
melhores alunos.Este ano há 42 cursos com
notas de acesso muito elevadas – igual ou superior a 17 valores - que
poderiam ter aumentado substancialmente o número de vagas, mas o aumento
ficou aquém desse valor, já que houve um aumento de apenas mais 82
vagas (num universo de cerca de cinco mil), segundo os dados conhecidos
este fim de semana.O despacho prevê também
o alargamento do número de vagas para candidatos maiores de 23 anos,
com a fixação de um número mínimo de 5% da totalidade de vagas fixadas,
consideradas todas as vias.No total, há
este ano 54.036 vagas em 1.108 cursos para a 1.ª fase do concurso
nacional de acesso ao ensino superior público, que arranca em 24 de
julho ainda com as regras definidas no início da pandemia.Este
ano, a fixação das vagas foi conhecida mais cedo assim como deverá ser a
colocação dos alunos, para que as aulas possam começar praticamente em
simultâneo para todos, evitando “a perda de cerca de três semanas de
aulas para os estudantes colocados na 2.ª fase e cerca de seis semanas
de aulas para estudantes colocados na 3.ª fase”, sublinha o MCTES. Para
além das vagas agora fixadas, as instituições terão outras 24.917 vagas
disponíveis para fixar nos regimes especiais e concursos especiais de
acesso.