Reino Unido pode incluir Portugal nos isentos de quarentena nos próximos dias
Covid-19
23 de jul. de 2020, 12:22
— Lusa/AO Online
O jornal The Times
noticia hoje que Londres vai ceder à “pressão poderosa” do Governo
português, que considerou a exclusão, no início de julho, de Portugal do
grupo de destinos seguros como “absurda” e “errada” e sugeriu um
impacto nas relações bilaterais. Foi o
mesmo jornal britânico que na altura avançou primeiro a potencial
ausência de Portugal da lista de “corredores de viagem” devido aos
surtos de casos de covid-19 na região de Lisboa no final de junho. Segundo
o The Times, a lista de 75 países e territórios não vai ser alterada
profundamente, mas “espera-se que sejam permitidas viagens sem
quarentena para Portugal”. Também o Daily
Telegraph admite o levantamento das restrições para Portugal,
eventualmente através de “corredores” regionais, acrescentando que
Madeira, Açores e Algarve, os destinos mais populares dos cerca de dois
milhões de turistas britânicos anuais, têm um número de casos muito
reduzido comparando com Lisboa, onde estão mais de metade dos casos
ativos no país. "As pontes aéreas
regionais são uma opção para países com surtos localizados", disse uma
fonte do ministério dos Transportes ao jornal na quarta-feira, aludindo
às dificuldades relativamente aos EUA, que poderão continuar sujeitos à
quarentena durante muitos meses se a quarentena se aplicar a nível
nacional. O ministro dos Transportes,
Grant Shapps, tinha indicado que uma reavaliação seria feita até 27 de
julho, invocando o recurso a "critérios científicos e sanitários”
determinados pelo Centro de Biosegurança Comum e pela direção geral de
saúde de Inglaterra, com dados oficiais e modelos matemáticos da
universidade London School of Hygiene and Tropical Medicine.A
categorização dos países, especificou, "foi fundamentada por uma
estimativa da proporção da população atualmente infecciosa em cada país,
taxas de incidência de vírus, tendências de incidência e mortes, estado
de transmissão e informação internacional sobre epidemias, além de
informações sobre a capacidade de teste do país e uma avaliação da
qualidade dos dados disponíveis”.O
ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, argumentou na
altura que o Reino Unido tinha "sete vezes mais casos registados do que
Portugal e 28 vezes mais óbitos devidos à covid-19”, ao que acrescentou:
"O absurdo desta decisão parece-me evidente”.O
embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, também
questionou dias mais tarde, num artigo para o jornal Daily Telegraph, os
“argumentos científicos que sustentam a decisão do governo britânico”,
os quais, disse, “carecem detalhe”. “Deixar
Portugal fora da lista de viagens isentas de quarentena é difícil de
compreender”, lamentou, sublinhando o “enorme" impacto económico da
decisão, o qual pode ser “prolongado se [a decisão] não for alterada na
próxima reavaliação”. Na semana passada, a
secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, manifestou pouca
confiança na admissão de Portugal à lista dos corredores de viagem com o
Reino Unido devido ao critério usado, a taxa de infeção, continuar
alta. Marques defendeu que o critério
"poderia ser melhorado", colando-se ao critério usado pela União
Europeia para abrir as fronteiras e que, além das taxas de infeção,
contabilizou o número de mortos e a ocupação nos cuidados intensivos,
entre outros critérios. Porém, a ministra
da Saúde, Marta Temido, destacou no início desta semana o “sinal
encorajador” de descida da taxa de incidência da covid-19 em Portugal
para 19 casos por 100.000 habitantes nos últimos sete dias, um dos
indicadores mais comuns utilizado na comparação entre os países.A
taxa de incidência nas duas semanas anteriores foi de 43,2 por 100.000
habitantes, fator que pesou nas restrições aos viajantes de Portugal por
outros países, como Áustria, Irlanda, Noruega, Dinamarca, Finlândia ou
Bélgica.