Reino Unido estuda uso de testes privados para reduzir quarentena
Covid-19
19 de out. de 2020, 14:49
— Lusa/AO Online
Num
discurso intitulado “Para além da crise" durante a conferência "Airlines
2050” sobre o setor da aviação, o ministro Grant Shapps disse que está a
ser desenhado em conjunto com as transportadoras um sistema de teste
"fornecido pelo setor privado e às custas do passageiro após um período
de autoisolamento”. Os passageiros terão
na mesma de ficar em quarentena à chegada ao Reino Unido, mas poderão
fazer um teste após uma semana e, se o resultado for negativo, sair da
quarentena sem ter de cumprir os 14 dias até agora exigidos. Este
sistema, que não tem uma data prevista para começar a funcionar, está a
ser estudado num grupo de trabalho criado na semana passada que Shapps
chefia juntamente com o ministro da Saúde, Matt Hancock. O
objetivo é “encontrar soluções que implementem tudo com segurança e
eficácia” e facilitar as viagens internacionais, atualmente limitadas
devido às restrições impostas por vários países. "Temos
trabalhado intensivamente com especialistas em saúde e com o setor
privado de testes sobre os aspetos práticos desse regime”, adiantou
Shapps, que identificou como condição não afetar os serviços de saúde e a
capacidade de testagem do sistema público.Além
deste sistema, Shapps referiu estar a ser estudado em conjunto com
países parceiros a possibilidade de a quarentena poder ocorrer antes da
partida, mas o novo presidente executivo da companhia aérea British
Airways, Sean Doyle, pediu simplesmente o fim da quarentena e a
introdução de testes nos aeroportos."Acreditamos
que a melhor maneira de dar confiança as pessoas é introduzir um teste
confiável e de preço acessível antes de voar. Para o Reino Unido, esta
abordagem reduziria a pressão nos sistemas de teste do NHS [serviço de
saúde público] no Reino Unido e no policiamento do sistema de
quarentena”, argumentou numa intervenção na mesma conferência.Vários
outros países têm experiências para contornar a situação, incluindo a
Alemanha, onde uma empresa de diagnósticos propõe testes no aeroporto
internacional de Frankfurt para pessoas não sintomáticas por 59 euros
para um resultado em 12 horas e 139 euros em seis horas, cobrando mais
25 euros por um atestado médico que ajude a evitar a quarentena.Outro
projeto em ensaios é o CommonPass, um passe de saúde digital que
permite aos viajantes documentar com segurança a conformidade com os
requisitos de teste covid-19 através de um código QR nos seus telefones
ou em papel, contornando as dúvidas sobre a fiabilidade dos laboratórios
ou resultados em diferentes idiomas. O
presidente da British Airways receia que, "mesmo que o período de
quarentena seja reduzido para sete dias, as pessoas não vão viajar para
cá e o Reino Unido vai ficar para trás”. O
setor da aviação foi um dos mais afetados pelas restrições impostas por
diversos países às viagens internacionais, resultando na redução do
número de voos e no despedimento de milhares de trabalhadores. O
Reino Unido introduziu a necessidade de quarentena por 14 dias a todas
as pessoas que cheguem do estrangeiro ao Reino Unido em 08 de junho para
evitar a importação de infeções com covid-19, mas um mês depois isentou
cerca de 70 países e territórios, criando “corredores de viagem
internacionais".Entretanto, devido à
segunda vaga da pandemia covid-19, muitos destes destinos foram de novo
considerados de risco, incluindo Portugal, que só esteve na lista de
países seguros durante três semanas. No
sábado, Itália, Vaticano e São Marino perderam o estatuto de “corredor
de viagem”, o qual foi atribuído de novo à ilha grega de Creta. Um
refinamento da análise dos dados permitiu a introdução de “corredores
de viagem regionais”, que permite avaliar ilhas separadamente dos
territórios continentais, beneficiando a Madeira e Açores, arquipélagos
que estão isentos de quarentena na chegada ao Reino Unido. O
Reino Unido é o país europeu e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA,
Brasil, Índia e México, com o maior número de mortes de covid-19, tendo
contabilizado 43.646 oficialmente e 57.690 cujas certidões de óbito
fazem referência ao novo coronavírus como fator contributivo.