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Bélgica
Rei Alberto II suspende decisão aceitar demissão do primeiro-ministro
O rei belga Alberto II decidiu "deixar em suspenso" o pedido de demissão do primeiro-ministro, Yves Leterme, apresentado segunda-feira no Palácio Real depois de constatar o bloqueio das negociações para uma nova descentralização do Estado.

Autor: Lusa/AO online
O Palácio Real emitiu um comunicado hoje de madrugada no qual confirma que Alberto II suspende a decisão de aceitar a demissão.

    Segundo a televisão flamenga VRT, o Rei vai efectuar agora várias consultas políticas antes de aceitar ou não a demissão do primeiro-ministro.

    Leterme, democrata-cristão flamengo de 48 anos, tenta desde Março conciliar as duas principais comunidades do país: a Flandres (de língua neerlandesa), que reclama maior autonomia, e a da Valónia (francófona) que não quer ceder no princípio da solidariedade.

    Num comunicado divulgado hoje de madrugada, o palácio sublinha que “o rei tem a sua decisão suspensa”.

    Segundo a imprensa belga, Alberto II vai ainda tentar convencer Leterme a manter-se no cargo, pelo menos até ser cozinhada uma solução que evite que o país mergulhe numa nova crise, após ter estado de Junho a Dezembro de 2007 sem governo.

    O primeiro-ministro, que ganhou as legislativas de 10 de Junho último mas só formou um governo de coligação com cinco partidos das duas comunidades em Março, tinha traçado o dia de hoje como limite para se chegar a acordo sobre a reforma do Estado, uma das bandeiras eleitorais do seu partido, CH&V, que concorreu em coligação com o N&A, nacionalista.

    Num comunicado divulgado pelo seu gabinete, Leterme constata que as duas comunidades (na Flandres vivem 60 por cento dos 10,5 milhões de habitantes do país) defendem posições “inconciliáveis”.

    A Flandres, a região mais rica do país, exige um reforço das competências das comunidades, nomeadamente a nível fiscal e de política de emprego, mas a Valónia não cede, temendo perder verbas transferidas ao abrigo da solidariedade nacional.

    Para além disto, há um antigo diferendo sobre a circunscrição política Bruxelas Hal-Vilvorde (BHV), que a Flandres quer dividir em duas: Bruxelas e as outras agregadas a Louvain.

    Esta divisão porá em causa direitos da comunidade francófona residente na periferia flamenga de Bruxelas, nomeadamente eleitorais, dado que deixam de poder votar em Bruxelas nos candidatos francófonos às legislativas.