Regulador da UE compara risco de coágulos com vacina da AstraZeneca ao da pílula
Covid-19
7 de abr. de 2021, 17:45
— Lusa/AO Online
“Um exemplo em
que gostaria de atentar é [a relação entre] o uso do contracetivo oral
combinado hormonal e os coágulos sanguíneos que ocorrem após a toma
desses contracetivos, que são dados às mulheres que normalmente são
saudáveis”, afirmou o Chefe do Departamento de Farmacovigilância e
Epidemiologia da EMA, Peter Arlett.Falando
em conferência de imprensa no dia em que o regulador da União Europeia
(UE) concluiu existir uma possível ligação de vacina da AstraZeneca e
coágulos e insistiu nos benefícios, Peter Arlett comparou que, “se foram
dados contracetivos hormonais combinados durante um ano a 10.000
mulheres, haverá uma formação de coágulos sanguíneos em excesso nesse
ano”.“Isto dá uma referência de outro
medicamento dado a uma população saudável que também causa um efeito
secundário, que ocorre, raramente, mas que precisamos de ter em
consideração”, explicou o especialista da EMA.Hoje,
a agência europeia divulgou que existe uma “possível relação” entre a
vacina da contra a covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e a formação de
“casos muito raros” de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios
do fármaco.“A EMA encontrou uma possível
relação [entre a vacina da AstraZeneca] e casos muito raros de coágulos
de sangue incomuns com plaquetas sanguíneas baixas”, mas “confirma que o
risco-benefício global permanece positivo”, informou o regulador em
comunicado.Em concreto, o comité de
segurança da EMA “concluiu hoje que coágulos de sangue invulgares com
plaquetas sanguíneas baixas devem ser listados como efeitos secundários
muito raros da Vaxzevria”, nova denominação da vacina da AstraZeneca,
tendo em conta “todas as provas atualmente disponíveis”, adiantou.Notando
que “a covid-19 está associada a um risco de hospitalização e morte”, a
agência europeia reforçou que “a combinação notificada de coágulos e
plaquetas sanguíneas baixas é muito rara”, pelo que “os benefícios
globais da vacina” da AstraZeneca “superam os riscos de efeitos
secundários”.Segundo a EMA, foram
registados 62 casos de trombose do seio venoso cerebral e 24 casos de
trombose venosa esplâncnica até 22 de março, bem como 18 mortes, num
universo de cerca de 25 milhões de vacinados na UE, Espaço Económico
Europeu e Reino Unido.Nesta investigação, a
EMA concluiu que estes casos muito raros de coágulos de sangue
ocorreram, principalmente, em mulheres com menos de 60 anos de idade no
prazo de duas semanas após a vacinação, embora não tenha chegado a
qualquer conclusão sobre fatores de risco específicos.Uma
possível explicação poderá estar na baixa resposta imunológica destas
pessoas, mas também no facto de mais mulheres estarem a ser vacinadas na
Europa.Haverá agora uma nova atualização da informação sobre a vacina, dadas as conclusões hoje divulgadas.Atualmente,
estão aprovadas quatro vacinas na UE pela EMA: Pfizer/BioNTech
(Comirnaty), Moderna, Vaxzevria e Janssen (grupo Johnson & Johnson,
que estará em distribuição em meados deste mês de abril).