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Regiões da Macaronésia vão cooperar nas áreas da saúde mental e comportamentos aditivos

As regiões da Macaronésia vão partilhar conhecimentos e práticas adotadas nos domínios da saúde mental e dos comportamentos aditivos, no âmbito de um protocolo de cooperação hoje assinado no Funchal.


Autor: Lusa


“Assinala-se hoje o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e assinala-se também uma data importante para as regiões da Macaronésia, com a assinatura deste importante protocolo de cooperação, que nos vai incentivar e estimular a trabalhar em rede, permitir e garantir a troca e o reforço de conhecimentos, bem como a partilha de boas práticas no interesse comum”, salientou a secretária regional da Saúde da Madeira.

Micaela Freitas falava no salão nobre do Governo Regional, na cerimónia de assinatura do documento, que envolve a Madeira, os Açores, Cabo Verde e Canárias.

A governante realçou que os comportamentos aditivos e a saúde mental são problemas comuns a todos os ilhéus, que enfrentam desafios também comuns, apontando a necessidade de “ações conjuntas que maximizem a eficácia e eficiência de meios técnicos, científicos e humanos” que contribuam para fortalecer todas estas regiões.

“Precisamos de políticas coordenadas entre as várias entidades com competências nestas sensíveis e delicadas matérias, através da implementação de estratégias integradas, assentes na prevenção, na dissuasão, tratamento e redução de impactos sociais”, afirmou.

A secretária da Saúde acrescentou que é também essencial promover “políticas públicas que alinhem a prevenção ao combate ao tráfico, mas sempre com base nos direitos humanos, na ciência e na empatia”.

“Precisamos, mais do que nunca, de estar à frente do nosso tempo, precisamos de olhar em frente, conscientes de que a dependência de drogas é uma doença e deve ser tratada como tal”, reforçou.

Micaela Freitas considerou ainda que o trabalho desenvolvido pelo Governo Regional nos últimos anos tem sido positivo, com “um conjunto de respostas integradas”, sustentando que os resultados dos “vários estudos coordenados pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências” têm sido “animadores”.

“Temos sido das regiões do país com menor prevalência de consumo de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, sobretudo ao nível do tabaco, do álcool e da canábis”, referiu.

“O trabalho tem sido efetivo, mas precisamos de continuar a trilhar um longo caminho, por exemplo, no combate ao fenómeno das novas substâncias psicoativas”, assumiu.

A secretária regional da Saúde destacou a criação de equipas de apoio domiciliário de saúde mental, que serão “uma realidade ainda este ano na região”, e assegurou que o executivo vai continuar “a apostar na contratação de profissionais na área de psicologia, psiquiatria e serviço social, nas equipas comunitárias de saúde mental e na rede de cuidados continuados integrados de saúde mental”.

O psiquiatra Luís Filipe Fernandes, do grupo de trabalho de elaboração do protocolo, adiantou, em declarações aos jornalistas, que o próximo passo é cada região escolher os parceiros “que têm mais interesses nesta área, fundamentalmente os serviços de psiquiatria, as instituições de solidariedade social, a universidade pela sua capacidade de investigação, as polícias e os tribunais”.

O objetivo é, sobretudo, que os quatro arquipélagos partilhem as suas práticas e dificuldades, para que se estabeleçam novos protocolos com medidas mais concretas, sublinhou o diretor clínico das casas de saúde S. João de Deus e Câmara Pestana.