Regimento das reuniões da Câmara de Ponta Delgada leva a troca de acusações
22 de nov. de 2017, 18:43
— Lusa/AO online
O
vereador eleito pelo PS, Vítor Fraga, que disputou a liderança da
autarquia com o presidente, o social-democrata José Manuel Bolieiro,
propôs, no período da ordem antes do dia, um conjunto de medidas no
âmbito da transparência e da aproximação aos munícipes, incluindo que
todas as reuniões fossem públicas e transmitidas na Internet, a
alteração do seu horário e ainda a sua descentralização.“A
maioria do PSD tinha agendada a votação do regimento das reuniões da
câmara. Perante a nossa proposta fez um mortal à retaguarda, recuando
para dizer que aquilo que estava a propor não era a aprovação do
regimento, mas sim uma discussão”, afirmou Vítor Fraga à Lusa.O
vereador lamentou que a maioria tenha rejeitado o que para o PS “são
aspetos essenciais e não negociáveis”, a transparência e a aproximação
do município aos cidadãos.“Não
se percebe porque é que as reuniões de câmara do PSD não podem ser
todas abertas ao público”, declarou, considerando que uma autarquia “não
tem, nem pode, nem deve esconder o que quer que seja dos seus
munícipes”.Questionado
se, integrando o grupo de trabalho, as propostas do PS poderiam ser
aprovadas, Vítor Fraga respondeu que o presidente “disse, desde logo,
que havia pontos que não estava disposto a aceitar”.O
presidente da câmara contrapôs que “não pode tolerar que haja uma
atitude autoritária e ditatorial de minorias, na medida em que o que
importa fazer para defender princípios como a transparência, a
democracia e o respeito pela pluralidade é trabalho de consensos”.“O
que é lamentável é a vereação do PS ter recusado participar num grupo
de trabalho para fazermos com as propostas de cada um uma revisão ao
regimento”, declarou, considerando que esta “é máscara com que se
apresentam para o diálogo, não querem dialogar, mas impor”.O
presidente da Câmara de Ponta Delgada, maior município dos Açores,
esclareceu que o PSD não rejeita a proposta socialista “no que diz
respeito à sua substância”, mas antes em relação “à metodologia
autoritária”.José
Manuel Bolieiro acrescentou estar disponível para “refletir todas as
propostas”, pois “aperfeiçoar a participação e melhorar procedimentos é
sempre possível”, mas este trabalho faz-se “conversando, negociando e
acertando”.“Ponta Delgada é uma câmara transparente, democrática a respeitadora da pluralidade”, referiu ainda.O
PSD manteve nas eleições autárquicas a maioria na Câmara de Ponta
Delgada, mas perdeu a maioria na Assembleia Municipal para o PS.